Egito magnífico no rastro dos faraós

Egito magnífico no rastro dos faraós
Faça um roteiro inesquecível pelas paisagens do Egito: dos monumentos antigos mais magníficos do mundo até um passeio pelo Nilo a bordo de um barco típico

Vendedor de especiarias e herborista em uma das antigas lojas da Cidade Velha do Cairo
Vendedor de especiarias e herborista em uma das antigas lojas da Cidade Velha do Cairo1. MERCADOS DO CAIRO
As melhores compras

O Cairo moderno é um lugar extenso, cercado pelo deserto e unido pelo Nilo. O Cairo antigo fica em uma área elevada a leste do rio. Esse núcleo, a partir do qual a cidade cresceu, surgiu em 969 d.C. como um enclave de palácio. Quando a realeza mudou-se para um terreno mais seguro e mais alto, dois séculos depois, essa área foi entregue ao povo, que construiu moradias, mesquitas, casas de banho e – talvez mais importante – mercados. Cairo sempre foi uma cidade de comércio.

Esses labirintos de mercados eram muitas vezes divididos de acordo com o comércio e os produtos. A arquitetura é original até hoje. Entre por uma viela junto à rua principal da cidade antiga, Sharia al-Muizz li-Din Allah, e você poderá encontrar um palácio do século 19, uma casa de banho do século 14 ou um mercado de especiarias, com comerciantes recostados sobre sacos de pimenta e o ar tomado pelo cheiro de cominho.

A Khan al-Khalili, uma via estreita marcada por uma graciosa arcada de pedra, continua sendo um mercado popular. Ali, cercada por mercadores de ouro e vendedores de antiguidades, a Atlas Silks é uma pequena loja onde os ricos do Cairo costumavam comprar longos robes para exibir seu status. Agora, os visitantes vão ali à procura de casacos bordados e túnicas. “O comércio é a única conversa apropriada aqui”, diz Saladin Abdelaziz, o proprietário da loja. “As pessoas falam de política, esportes, amor, mas o comércio domina a vida delas e a cidade delas.” Tomamos um chá enquanto observamos as pessoas passando. O cenário mudou pouco em mais de 700 anos – à nossa frente, desfilam persas, europeus e africanos carregados de compras e de olho nas pechinchas.

MAIS INFORMAÇÕES

• Atlas Silks, Khan al-Khalili

GUIA CAIRO

Onde ficar

PREÇO MÉDIO
Instalado num prédio do século 19, no coração do Cairo e a uma curta distância dos mercados, de táxi, o Talisman Hotel é um dos poucos hotéis-butiques da cidade. Seus 24 quartos com cores de pedras preciosas têm uma mistura impecável de artesanato egípcio e móveis rococó (a partir de US$ 94).

SOFISTICADO
O Le Riad Hotel tem exclusivamente suítes, além de uma localização fabulosa, no coração da cidade medieval – a uma curta distância, a pé, de mercados, mesquitas e cafés. A vista do terraço é excelente (a partir de aproximadamente US$ 300).

Onde comer

Fume um narguilé, experimente sucos frescos e coma os melhores grelhados da cidade antiga no café e restaurante Mahfouz, cujo nome é uma homenagem ao romancista Naguib Mahfouz, ganhador do Nobel. Fica no meio do mercado de Khan al-Khalili (pratos a partir de US$ 24).

+ Aprenda a barganhar sem ser rude no Egito
+ Veja álbum de fotos do Egito
Pete Seaward
A Grande Esfinge de Gizé, na base da pirâmide de Quéfren, teria originalmente as feições do faraó Quéfren
A Grande Esfinge de Gizé, na base da pirâmide de Quéfren, teria originalmente as feições do faraó Quéfren2. GIZÉ
Os melhores monumentos
A viagem de ida e volta, partindo do Cairo, é de aproximadamente 32 quilômetros

A leste do Cairo Antigo, uma cadeia de rochas calcárias marca o limite do vale do Nilo e o começo do deserto. No início de uma manhã clara, vejo três triângulos no horizonte – as três principais Pirâmides de Gizé. É uma imagem incansavelmente reproduzida, mas que nunca perde seu poder de impressionar. Construídas há 4.500 anos, as pirâmides resistem como símbolos de poder, objetos de mistério e tema de debates. Durante séculos, pensou-se que eram depósitos de faraós, mas hoje acredita-se que eram túmulos.

A Grande Pirâmide, uma montanha de pedra de 146 metros de altura, foi feita com 2,3 milhões de blocos de calcário, cada um deles com cerca de 2,5 toneladas, agrupados com precisão impressionante. Esses números são grandes (assim como as multidões que vão ali; chegue ao meio-dia para evitar o movimento maior), mas só é possível entender a dimensão dessa obra quando você sobe por dentro e chega a uma galeria no alto. Cada bloco enorme foi cortado perfeitamente, polido até ficar liso e tão bem encaixado, que nem uma folha de papel passa entre um e outro.

Em frente à pirâmide, a enorme Esfinge com corpo de leão aumenta o mistério sobre esse domínio da pedra. Por que foi esculpida? Por quem? Minha suposição não é melhor do que a de ninguém (bem, talvez seja melhor do que a daqueles que acham que se trata de um trabalho de extraterrestres). Enquanto desço a ladeira em direção ao monumento, tenho a sensação que alguém deve ter ao encontrar o beatle Paul McCartney sentado ao seu lado num voo de volta para casa: uma mistura de familiaridade e surpresa.

Partindo de Gizé, percorro 24 quilômetros ao sul para ver a pirâmide de Degraus, próxima à vila de Saqqara. Concluída em torno de 2.650 a.C., um século antes das Grandes Pirâmides, esta é a mais antiga e uma das mais bonitas. Seu interior é fechado ao público, mas a alguns passos de distância há algo ainda mais memorável. Enquanto os faraós erguiam as pirâmides, seus súditos criaram tumbas requintadas para eles. Uma das melhores, construída por um homem chamado Mereruka, contém 32 câmaras. Nas paredes, o súdito celebrou sua vida – da caça nos pântanos à sua filha tocando harpa. Vendo essas cenas, os milênios que nos separam dessas pessoas desaparecem.

MAIS INFORMAÇÕES

• A entrada para o Platô de Gizé custa US$ 10. Um número limitado de ingressos para a Grande Pirâmide de Quéops é vendido todos os dias (US$ 18; 150 ingressos são vendidos às 7h30 e outros 150 às 13h).

• É melhor fazer o percurso de Gizé para Saqqara de táxi – combine o preço antes (em torno de US$ 30 o dia de passeio).

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Pete Seaward
Nilo corre languidamente entre as ilhas em Assuã
Nilo corre languidamente entre as ilhas em Assuã3. ASSUÃ
O melhor passeio de barco
Partindo do Cairo, 75 minutos de avião ou 14 horas de trem

O Nilo é navegável em um trecho de quase mil quilômetros, ao sul do Cairo. Além desse ponto, rochas de granito formam uma série de corredeiras. Durante milênios, esse local marcou a fronteira sul do Egito com seus rivais, os núbios. Assuã nasceu ali, como um posto militar na ponta da ilha Elefantina, antes de virar uma cidade e espalhar-se pela margem leste, onde fica de frente para as areias do Saara Ocidental.

O cenário parece desolado ao sol do meio-dia, mas quando a noite chega e a luz muda, uma espécie de alquimia o transforma em um lugar de beleza sensual. “O pôr do sol é meu momento preferido para estar na água”, diz Jelal, um dos barqueiros de Assuã. “É quando as cores aparecem: o preto do granito, o dourado da areia e os poentes vermelhos que temos aqui.”

Jelal é membro do povo núbio, que viveu no extremo sul do Egito e no norte do Sudão até os anos 1960, quando a Represa Alta de Assuã inundou suas terras. Ele e sua família mudaram-se para o norte e agora vivem do rio. Ao entardecer, com um vento quente soprando no deserto, navegamos no falucho, um barco aberto que, mais do que qualquer outro, evoca o romantismo do Nilo. Passamos pela orla repleta de cafés da cidade moderna e pelas antigas ruínas da ponta sul da ilha Elefantina. Em seguida, navegamos entre rochas e ilhas, incomodando garças e outras aves. Depois, viramos para o norte e flutuamos ao largo do jardim botânico da ilha de Lorde Kitchener e do domo da tumba de Aga Khan, no alto de um banco de areia à nossa esquerda. Em seguida, a paisagem muda.

Há barcos atracados na margem leste – desde simples faluchos a enormes hotéis flutuantes, todos sendo preparados para suas próximas viagens.

“O que realmente me anima é fazer uma viagem de Assuã para Luxor”, diz Jelal, acenando para um amigo que está subindo em um mastro para amarrar a vela de seu barco. Essa viagem – uma das mais românticas do planeta – pode ser feita de falucho ou, com mais conforto, em um luxuoso barco dahabiya, com dois mastros. Durante três a cinco dias, o barco é levado pela corrente e empurrado pelos ventos, parando talvez em templos e no mercado de camelos em Daraw. Os passageiros desembarcam para caminhar nas areias do deserto que beira o rio em alguns trechos, ou para tomar chá com agricultores em um café de alguma vila. E tudo isso é intercalado por horas passeando pelo rio em um barco de madeira, ao sabor do vento, a água escura e fria e a noite clara.

MAIS INFORMAÇÕES

• Jelal, o barqueiro 00**20 12 415 4902 (em inglês)

• Os dahabiyas da Nour el Nil são o que há de melhor para passear no rio (a partir de US$ 1.370 por pessoa, durante cinco noites, serviço completo a bordo).

GUIA ASSUÃ

Onde ficar

PREÇO MÉDIO
Com vista para um parque em Corniche El Nil, na margem leste do Nilo, o Marhaba Hotel é simples, tem quartos pequenos, boas camas e bons banheiros. Claro e acolhedor, tem também dois restaurantes e uma bela imagem do Nilo visto do terraço (a partir de US$ 82).

SOFISTICADO
O Sofitel Old Cataract é um dos melhores hotel do sul do Egito – uma mistura de charme de antigamente com o que há de mais sofisticado. E ainda tem uma das vistas mais sedutoras do Nilo encontradas no Egito. Se você não puder pagar pelo quarto, vá ver o pôr do sol, admirar o rio vermelho e pensar na inspiração de Agatha Christie para o livro Morte no Nilo, parcialmente ambientado em Assuã (a partir de US$ 242).

Onde comer

Pegue um táxi para o sul da cidade e faça uma refeição ao entardecer na varanda do Sunset, junto ao rio. Ali, as pizzas e os grelhados são bons e a vista geralmente é espetacular (pratos em torno de US$ 10).

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Pete Seaward
Templo de Medinet Habu em sua melhor hora, quando as sombras compridas do fim da tarde caem
Templo de Medinet Habu em sua melhor hora, quando as sombras compridas do fim da tarde caem4. LUXOR
O melhor da história
Trem, ônibus ou táxi a partir de Assuã (cerca de 4h); os faluchos de Assuã param em Esna, a 53 km de distância

Durante 300 anos, a partir de, aproximadamente, 1.300 a.C., Luxor foi uma grande cidade, a Nova York da época. Era a capital de um império que se estendia até a Síria e, para baixo, até o Sudão. As mercadorias eram comercializadas a partir dali para todo o Mediterrâneo. E Amon, o grande deus de Luxor, era reverenciado em toda a região. Os faraós do reino – incluindo Tutancâmon – construíram ali templos magníficos para suas divindades. A margem leste do Nilo, onde nasce o sol, tornou-se a “terra dos vivos”; e a margem oeste, onde o sol se põe, a “terra dos mortos”. Quando o poder esvaiu-se, Luxor desapareceu sob lama e areia, tendo sido desenterrada apenas em nossa era. Uma riqueza faraônica impressionante foi revelada em ambos os lados. “Você precisa de tempo para ver tudo o que existe aqui”, diz Mohamed Rehim, um dos guias mais respeitados da cidade.

A chave para tudo isso é o Templo de Karnak, na margem leste, um dos maiores e mais espetaculares complexos de prédios religiosos do mundo. Chego às 6h para evitar as multidões e para ver as altas colunas do Grande Hipostilo à primeira luz da manhã. Quando o sol chega às formas esculpidas e às inscrições, imagino os faraós e os deuses com cabeça de animal voltando a viver.

O último cemitério dos faraós, o Vale dos Reis, fica escondido em colinas na margem oeste. Hoje em dia, nada tem de terra dos mortos: há uma enorme fila de seres humanos à espera de entrar nas tumbas. Vale a pena esperar para ver as pinturas e as longas paredes cobertas de feitiços e encantamentos para assegurar aos reis uma transição segura para a eternidade. Ali perto, nas Tumbas dos Nobres, detenho-me diante de imagens de altos funcionários. Elas servem para apresentar o dia a dia do antigo Egito: as paredes são repletas de cenas que mostram como as estátuas eram esculpidas, como o gado era abatido, como o vinho era fabricado e os prazeres, aproveitados.

Quando o dia aproxima-se do fim e a luz torna-se mais suave, caminho pelo templo Medinet Habu. Erguido há três mil anos pelo faraó Ramsés III, esse templo é hoje uma das mais belas ruínas do país. As Colinas de Tebas se erguem atrás, uma pipa voa no céu e o peso do passado parece suspenso.

MAIS INFORMAÇÕES

• Mohamed Rehim (00** 20 10 085 2180) é um dos mais inspirados guias de Luxor (em inglês)

GUIA LUXOR

Onde ficar

PREÇO MÉDIO
A Beit Sabée é uma pousada de tijolos de barro, perto de terras agrícolas. Dali, avista-se o templo Medinet Habu, de Ramsés III. Os quartos são claros e a recepção é calorosa (a partir de US$ 62).

SOFISTICADO
Os agradáveis quartos em estilo oriental do Al-Moudira são próprios para um paxá. A 15 minutos, de táxi, dos monumentos da margem oeste, tem jardins perfumados, um restaurante no pátio, com um ambiente mágico, e uma piscina muito bem-vinda após um dia de passeios (a partir de US$ 280).

Onde comer

Instalado numa casa tradicional com terraço, não muito longe do Templo de Luxor, o Sofra serve pratos egípcios clássicos. Sucos e narguilés completam a experiência (pratos em torno de US$ 15).

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Pete Seaward
Um peixe-leão passeia junto a um coral em Dahab
Um peixe-leão passeia junto a um coral em Dahab5. DAHAB
Os melhores mergulhos e praias
Siga de ônibus ou de barco (seis horas e meia) ou embarque num voo de 50 minutos de Luxor para Sharm el-Sheikh. Em seguida, tome um táxi para Dahab

“Uma das coisas boas em Dahab é que você não precisa pegar um barco ou ser um mergulhador experiente para aproveitar o lugar. Qualquer pessoa pode mergulhar perto dos corais e dos peixes”, diz a instrutora de mergulho April McCormack. Minutos depois, estou diante de belos peixes em um recife vermelho, violeta e rosa.

O litoral leste do Sinai não chega a ser um lugar bonito. Em seu interior, estão as colinas áridas do deserto do Sinai, brilhantes à luz da manhã, rosadas e arroxeadas ao entardecer. À frente está o mar Vermelho e, além das ondas, a costa da Arábia Saudita. Trinta anos atrás, Dahab (“ouro”, em árabe) era uma praia vazia. Beduínos pescavam peixes e lagostas. Suas cabanas eram os únicos tetos para os visitantes. Hoje, a região está cheia de hotéis e bares na praia, mas Dahab mantém características do passado: as baías ainda são cercadas de areia, o deserto ao fundo ainda é primitivo e as paisagens marinhas ainda intocadas.

À noite, a cidade permanece sossegada, sem o barulho encontrado mais ao sul, em Sharm el-Sheikh – é muito mais agradável ficar ouvindo o barulho das ondas quebrando na praia.

MAIS INFORMAÇÕES

• A Poseidon Divers oferece o curso de mergulho de meio dia Try Dive (US$ 62).

GUIA DAHAB

Onde ficar

PREÇO MÉDIO
O Dahab Paradise é um hotel-butique simpático, com quartos simples, construído com pedras do Sinai e decorado com tecidos e móveis locais. O excelente restaurante serve pratos típicos e peixe fresco, e há uma piscina circular (a partir de US$ 60).

SOFISTICADO
O cinco estrelas Dahab Hilton, no lado sul da cidade, é de longe o hotel mais elegante da região. Formado em sua maior parte por casas caiadas de dois andares, tem acesso para uma laguna imaculada e duas piscinas. Os quartos são espaçosos e bem equipados, e as facilidades incluem uma escola de mergulho (a partir de US$ 122).

Onde comer

Uma das casas preferidas em Dahab, o Felucca serve boa comida egípcia. O restaurante oferece uma seleção de petiscos e grelhados – o pato assado é altamente recomendado (pratos a partir de US$ 12).

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Pete Seaward
Mosteiro de Santa Catarina, no coração do deserto do Sinai
Mosteiro de Santa Catarina, no coração do deserto do Sinai6. PENÍNSULA DO SINAI
A melhor paisagem bíblica
De duas a três horas de ônibus, partindo de Dahab

O mosteiro de Santa Catarina fica no coração do deserto do Sinai, no local onde se diz que Deus falou com Moisés em um arbusto em chamas. Acima do convento fica o Monte Sinai, conhecido no local como Gebel Musa, onde Musa (Moisés) teria recebido os Dez Mandamentos. Toda noite, centenas – às vezes milhares – de pessoas enfrentam um caminho íngreme, de pedra, até o topo da montanha para esperar o sol nascer. Quando a paisagem de montanhas passa do preto ao vermelho e em seguida ao dourado, a multidão começa a rezar.

Com o sol alto, desço a montanha e sigo para o convento. Desde o momento em que inclino minha cabeça para cruzar o portão baixo, a sensação de santidade é inevitável. Todos falam baixinho, em respeito à idade do lugar – a imperatriz bizantina Helena foi responsável pela primeira construção ali, no século 4º – mas também para não incomodar os monges ortodoxos gregos. O silêncio é impossível na galeria, onde os visitantes se maravilham com algumas das imagens religiosas mais antigas e mais bonitas do mundo. Até mesmo o monge que as vigia sente necessidade de falar. “Para entender a maravilha desse lugar, você precisa ficar sozinho”, explica ele.

O xeique Musa Abul-Heim – um dos líderes da tribo de beduínos Jebaliya, responsável pela segurança do mosteiro há 1.500 anos – concorda. “Vá ao deserto”, diz ele, “e você verá por que Deus escolheu esse lugar para se revelar.” No dia seguinte, conduzido por um dos guias mais experientes do xeique Musa, faço exatamente isso.

Vales acidentados levam a passos nas montanhas, pedras de basalto vermelhas sob os pés, montanhas se erguendo ao longe. Há surpresas – árvores floridas, um herborista colhendo plantas, as pegadas de um animal que parece ser uma gazela. Saímos de um passo e entramos em um vale para chegar ao Al-Karm Ecolodge, uma série de construções de pedra, nos arredores de um vale, com água suficiente para sustentar um jardim. O jantar é um frango grelhado simples, mais saboroso por ser saboreado ali. Estou no lugar em que o monge me deu esperanças de encontrar: onde a vida é simples, as estrelas estão perto da Terra e é possível voltar a acreditar em milagres.

MAIS INFORMAÇÕES

• Reserve um passeio por uma trilha no deserto com o xeique Musa Abul-Heim

GUIA SINAI

Onde ficar

ECONÔMICO
Leve seu saco de dormir para o parco Al-Karm Ecolodge, construído com pedras locais. É o melhor lugar para conhecer a hospitalidade dos beduínos Jebaliya e os maravilhosos arredores do Protetorado de Santa Catarina (perto da colônia beduína do Xeique Awaad; a partir de US$ 33 por pessoa).

PREÇO MÉDIO
Junto aos muros do Mosteiro de Santa Catarina, a St Catherine’s Monastery Guesthouse, para peregrinos, é o lugar para se hospedar caso você queira subir o Monte Moisés ao amanhecer. Os quartos são simples, mas confortáveis (US$ 65, meia pensão).

Onde comer

O Monastery Guesthouse Restaurant – único restaurante próximo ao mosteiro – serve comida substancial e farta numa sala de jantar simples (refeições em torno de US$ 15). Há também um café próximo.

Anthony Sattin é coautor do guia Egito, da Lonely Planet, e já escreveu vários livros sobre o país.

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Pete Seaward
As Pirâmides de Gizé estão no início de uma jornada repleta de maravilhas antigas
As Pirâmides de Gizé estão no início de uma jornada repleta de maravilhas antigasEGITO: PARA CHEGAR LÁ

Comece sua aventura explorando o Cairo, das antigas mesquitas e mausoléus aos palácios do século 19, passando pelas grandes avenidas que renderam à cidade o apelido de “a Paris do Nilo”. As pirâmides de Gizé ficam ali perto.

DICAS BÁSICAS

Como chegar

Ibéria, Alitalia, Air France, Lufthansa e British Airways voam de São Paulo ao Cairo, por preços que variam de US$ 1.220 a US$ 1.400 (sempre com conexão na Europa). Os vistos são emitidos na chegada (US$ 15).

Circulando

A Egyptair tem voos internos (a partir de US$ 101). Há um trem-leito entre Cairo, Luxor e Assuã (a partir de US$ 63 por pessoa). Há também um ônibus comum e um serviço de táxi-lotação.

Leitura adicional

Leia o guia Egypt (R$ 56), da Lonely Planet.

TRÊS MANEIRAS DE CONHECER O CAIRO

Com economia

VER

As ruas sinuosas da cidade medieval do Cairo são um tesouro a ser explorado, com mais de 800 monumentos catalogados, muitos com entrada franca. O mercado principal, Khan Al-Khalili, é um lugar fantástico para se perder.

DORMIR

O Hotel Osiris tem bons quartos, com vista para a cidade. Dirigido por um casal franco-egípcio, tem excelente localização, no centro do Cairo (a partir de US$ 33).

COMER

O koshari é uma mistura de arroz, macarrão, lentilhas e cebolas. Prove o koshari do Abu Tarek (a partir de US$ 1; 40 Sharia Champollion).

BEBER

O bar no terraço do Odeon Palace Hotel é, há muito tempo, reduto de um grupo de boêmios apaixonados por cinema e teatro. É ainda um excelente lugar para assistir ao pôr do sol (drinques a partir de US$ 2; 6 Abdel Hamid Said).

Com conforto

VER

O Museu Gayeranderson abriga a coleção peculiar das viagens de um major e médico britânico (US$ 5; 4 Maydan Ibn Tulun).

DORMIR

O tradicional Hotel Longchamps, de estilo europeu, tem um clima residencial, muitos clientes habituais e uma varanda tranquila. Fica no sofisticado Zamalek (a partir de US$ 81).

COMER

Saboreie pratos tradicionais, como molokhiyya (sopa verde), no Abou El Sid. Depois, beba um drinque ou fume um sheesha (narguilé) em meio a luminárias penduradas e móveis dourados (pratos a partir de US$ 3; 157 Sharia 26th of July, Zamalek).

BEBER

Na extremidade norte da ilha Gezira, o restaurante-lounge Sequoia, ao lado do Nilo, é um belo cenário. Acomode-se numa das almofadas para beber cerveja Saqqara ou mojito (a partir de US$ 5).

Com luxo

VER

O Museu Egípcio é um dos museus de história mais importantes do mundo. Ali, tesouros de Tutancâmon convivem com múmias, brinquedos, joias e outros objetos retirados de tumbas (US$ 14; Midan Tahrir, centro).

DORMIR

Na extremidade sul da ilha Gezira, os quartos confortáveis do Sofitel El Gezirah têm vista para as pirâmides. Já a piscina tem vista para o Nilo, assim como vários de seus restaurantes e bares (a partir de US$ 230).

COMER

A comida libanesa do Sabaya é uma das melhores do Cairo. Os pratos são servidos em tigelas de ferro fundido (a partir de US$ 10; Semiramis Intercontinental, Corniche el-Nil).

BEBER

Na filial do internacionalmente famoso Buddha Bar, você pode admirar o Nilo ouvindo música (drinques a partir de US$ 10; Sofitel El Gezirah Hotel).

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Pete Seaward
A imensidão do Saara Ocidental, que se estende do Nilo ao Atlântico
A imensidão do Saara Ocidental, que se estende do Nilo ao AtlânticoEXPLORE MAIS O EGITO E APROFUNDE A SUA VIAGEM
Quer descobrir mais? Aqui estão outras três ideias para você acrescentar à sua jornada

ABU SIMBEL

Por que ir?
A maioria dos visitantes fica apenas algumas horas em Abu Simbel. Passe a noite ali para ver o magnífico templo de Ramsés II maravilhosamente vazio. As quatro colossais estátuas do faraó de barba sentado guardam seu templo desde que este foi esculpido na rocha, no século 13 a.C. Nos anos 1960, foram necessários quatro anos para levar o templo para um terreno mais alto, depois da construção da Represa Alta e da criação do lago Nasser. A cidade vizinha de Abu Simbel é tranquila e frequentemente é palco de apresentações noturnas de música núbia ao vivo.

Hospedagem
O Eskaleh Hotel é pequeno e simples, com quartos confortáveis, decorados em estilo tradicional local. A comida caseira é excelente e, em certas noites, apresentações musicais entretêm os hóspedes (a partir de US$ 62).

Como chegar
A EgyptAir tem voos de Assuã para Abu Simbel (1h15; a partir de US$ 50, só ida). A alternativa é embarcar num ônibus de Assuã para Abu Simbel (4h; US$ 4) ou participar de um tour de um dia organizadas por hotéis em Assuã (a partir de US$ 30).

ALEXANDRIA

Por que ir?
Muito pouco da cidade fundada por Alexandre, o Grande, sobrevive acima do chão – o farol, a biblioteca e outros monumentos antigos famosos desapareceram sob o porto ou sob as ruas da cidade. Mas o que resta é impressionante. Alexandria é uma cidade para as pessoas românticas e cheias de imaginação, muitas das quais chegam tendo como guias o livro O Quarteto de Alexandria, de Lawrence Durrell, ou versos do poeta grego Cafavis. O corniche (caminho junto ao penhasco) é um ótimo lugar para passear, assim como os muitos museus da cidade, incluindo a Biblioteca Alexandrina, o Museu Nacional e o Museu de Mahmoud Said, um pintor local.

Hospedagem
Numa das praças principais, o Metropole exala glamour dos anos 1930. O hotel tem quartos com pé direito alto e muito charme dos velhos tempos (a partir de US$ 95).

Como chegar
A maneira mais fácil de viajar do Cairo para Alexandria é de trem, particularmente o Turbini e os trens espanhóis, mais rápidos (2h30 da estação Ramsés até Mahattat Misr; a partir de US$ 9, primeira classe).

SAARA OCIDENTAL

Por que ir?
O Saara Ocidental é o início de uma região árida que se estende do Nilo ao Atlântico. O deserto é aliviado por vários oásis, sendo o mais famoso e distante deles o de Siwa (9h de carro a partir do Cairo), vizinho às dunas onduladas do Grande Mar de Areia. Os outros – Bahariya, Farafra, Dakhla e Kharga – são ligados por uma estrada ao Cairo e a Asyut, e oferecem sítios arqueológicos, jardins e esplêndidas paisagens do deserto.

Hospedagem
Em Siwa, o Al Babinshal (a partir de US$ 50) fica na decadente cidade velha. O mesmo proprietário é dono do sofisticado hotel Adrère Amellal (a partir de US$ 540). Em Dakhla, experimente as cabanas do Bedouin Camp (a partir de US$ 20). Nos outros lugares, arme uma tenda – busque antes orientação de hotéis locais.

Como chegar
Há três ônibus diários de Alexandria para Siwa (8h; US$ 6). Os outros oásis são ligados ao Cairo e a Asyut também por ônibus. A maneira mais fácil de visitar os oásis é alugar um carro no Cairo e você mesmo dirigi-lo (a partir de US$ 62 por dia).

DUAS OPERADORAS DE TURISMO

Mandala Tours
A Mandala oferece um roteiro de oito dias e sete noites, percorrendo as cidades do Cairo, Assuã, Kom Ombo, Edfu, Esna e Luxor. A viagem é dividida em quatro noites na cidade do Cairo e três noites realizando um cruzeiro pelo rio Nilo. O pacote inclui os trechos aéreos internos no Egito, hospedagem com café da manhã e tours no Cairo, além de pensão completa no cruzeiro.

New Age
A operadora oferece um roteiro diferenciado, batizado Egito Arqueológico, e que mistura dois cruzeiros: um pelo rio Nilo e outro pelo lago Nasser, levando o viajante aos templos de Abu Simbel. A viagem inclui visitas às cidades de Aswan, Cairo, Edfu, Esna, Kasr Ibrim, Kom Ombo, Luxor e Wadi El Seboua. O pacote inclui passagem aérea desde o Brasil e também os voos internos no Egito, quatro noites pelo rio Nilo e três noites pelo lago Nasser, ambos com pensão completa e guia local em espanhol.