Adrenalina em Iguazú

Adrenalina em Iguazú
Uma viagem às profundezas da selva de Misiones, no lado argentino das cataratas, percorrendo-a a bordo de uma lancha rápida, pendurado no alto das árvores ou a pé até a lendária Garganta do Diabo

Passeios de lancha ou rafting tornam possível o contato com a imensidão das Cataratas do Iguaçu
Passeios de lancha ou rafting tornam possível o contato com a imensidão das Cataratas do IguaçuAo sobrevoar Puerto Iguazú, na Argentina, vemos a selva como um reino fortificado por trás de uma muralha de árvores entrelaçadas tronco a tronco até o infinito. Uma vez no chão, de frente para as portas deste reino, temos a impressão de que a única forma de entrarmos naquele emaranhado seria fazendo um buraco na parede vegetal. A selva de Misiones, no lado hermano de Iguaçu, é como um grande corpo organizado, formado por espécies animais e vegetais que vivem de forma interligada, dependendo uma das outras. Seus rios são como as veias por onde flui a vida deste macro-organismo, o centro nevrálgico no qual concentram-se suas pulsações, e a energia vital da selva é a descomunal Garganta do Diabo, para onde conflui a maior parte da torrente de águas das Cataratas do Iguaçu. Ao chegar à abrupta varanda de ferro, junto à garganta, vemos aos nossos pés um rio suicida mergulhando no vazio para arrebentar-se contra as pedras. As águas parecem ficar suspensas no ar por alguns instantes junto ao abismo, para depois precipitarem-se em câmera lenta em um cataclismo colossal. O caos as aguarda lá embaixo, com as faces sedentas de um gigante oculto sob as águas espumantes que borbulham como óleo fervendo. Na diabólica varanda não há muita coisa a fazer, nem muito espaço para mexer-se. No entanto, ninguém quer ir embora. O movimento das águas é poderoso e a umidade impregna o ambiente com um orvalho que acaricia os corpos pasmos dos turistas.

Na noite anterior à minha visita à famosa Garganta do Diabo, eu estava lendo uma conhecida novela de Milan Kundera, e o acaso me fez ler um parágrafo sobre a vertigem justo naquela noite. Milan Kundera questiona-se sobre o significado da vertigem e por que a sentimos, mesmo quando estamos em um mirante com cerca segura. A resposta do escritor – que veio à minha memória frente à Garganta do Diabo – é no mínimo inquietante para um turista agarrado firmemente com as duas mãos à cerca da varanda: “A vertigem é algo diferente do medo de cair… significa que a profundidade que se abre à nossa frente nos seduz, nos atrai e desperta em nós o desejo de cair, do qual precisamos nos defender, espantados”.

A GARGANTA COM LUA CHEIA

Caminhar de dia pela selva é como abrir caminho por um reino instigante, onde a espessura vegetal não deixa ver além de alguns metros a nossa frente. Mas fazer isso em noite de lua cheia torna o reino ainda mais atraente. Avançamos pelo escuro universo, onde no princípio a escuridão não nos permite ver, até que as pupilas dilatam-se e pouco a pouco começamos a enxergar como se fosse pleno dia. Para chegar à Garganta do Diabo com lua cheia pegamos um trenzinho ecológico que adentra a selva; e de imediato começam mudanças sutis em nossa percepção. Durante a noite, o processo de fotossíntese intensifica as fragrâncias da selva. Ao descer do trem começamos uma caminhada de um quilômetro, atravessando a espessura da selva em umas ilhotas no rio Iguaçu. Por alguns instantes, a longa passarela parece uma ponte pênsil sobre esse rio imóvel cor de prata que alguns metros à frente precipita-se. Ao fundo sobe uma névoa de orvalho, que parece brotar do bafo de um dragão escondido na colossal garganta. Os raios da lua formam arco-íris tênues que se desenham no escuro céu noturno. A fileira de pessoas, umas 120, aproximadamente, avança como em procissão. Nos lados, veem-se os contornos negros das palmeiras e dos cipós suspensos na escuridão, em contraste com o disco perfeito da lua radiante no meio do espaço infinito. A noite na selva tem sons peculiares que se confundem com o calmo fluir das águas, com o estrondo remoto da Garganta e com o canto dos pássaros com nomes guaranis como o anó, o ocó e o tingaçu.

Ao acelerar o passo, podemos desfrutar de instantes de solidão absoluta sobre a estreita passarela circundada por água, sob a noite estrelada. Assim captamos os sussurros de uma fauna rampante – tão invisível como a diurna – com seus milhares de olhos à espreita, nos vendo sem se deixar ver. Da escuridão surgem intermitentes vaga-lumes com luz potente. E como é a época de eclosão das crisálidas, milhares de pequeninos insetos pululam no ar roçando nosso rosto. No silêncio noturno, o crepitar de um galho rasga a noite, o canto da coruja ordena silêncio, o quero-quero dá um sinal de alerta, o coaxar das rãs forma um coral e talvez uma jaguatirica nos espreite entre a vegetação antes de fugir apavorada. O vibrante murmúrio da catarata está cada vez mais perto. Ao chegar à Garganta do Diabo com a lua cheia, a noite parece virar dia. A luminosidade permite ver o voo grupal e desvairado das andorinhas capturando pequenos microorganismos nas gotículas de orvalho. O mesmo orvalho que encharca o tempo todo a nossa pele. Alguns choram, outros bocejam, alguns se agarram com força à cerca e a maioria das pessoas fica com os pelos eriçados por causa da energia estática que os milhões de litros de água estourando contra as pedras emitem.

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Ariel Mendieta
Tanto no Jardim dos Beija-flores como no refúgio Güira Oga o encontro com belas aves acontece de forma plena
Tanto no Jardim dos Beija-flores como no refúgio Güira Oga o encontro com belas aves acontece de forma plenaASAS DE BEIJA-FLOR

No dia seguinte, ainda hipnotizado pela imponência arrasadora das águas, recebo de presente o momento mais sutil da viagem. No Jardim dos Beija-flores, fico sentado em um banco admirando o revoar multicolor dos beija-flores que visitam os fundos da casa da família Castillo, a poucos quarteirões da rodoviária de Puerto Iguazú. Faz uma década que os Castillo resolveram abrir seu jardim aos turistas que estão de passagem, para mostrar os cerca de 50 beija-flores que chegam todas as tardes para alimentar-se nos bebedouros com água açúcarada, pendurados nos galhos das árvores. Esse espectáculo repete-se desde que a senhora Marilene tem memória. Só é preciso sentar nos banquinhos desta espécie de jardim subtropical para ver como as refinadas jóias com asas chegam da selva. Durante o inverno pode haver até 40 beija-flores ao mesmo tempo; e as mágicas aparições de penas fluorescentes acontecem a um metro de distância do visitante. Na selva de Misiones o intrincado reino vegetal está todo à vista, diferentemente da fauna, que nos evita. As mais visíveis são as aves, como tucanos e garças, e os mamíferos, como os quatis.

Durante meu passeio pelas cataratas comprei barrinhas de cereal e um sanduíche que pensava comer calmamente enquanto buscava bons ângulos para as fotos andando pelas trilhas. Levava os alimentos em uma sacola na minha mão quando sete quatis começaram a seguir-me, sem que eu percebesse. Não sei por quanto tempo planejaram o ataque mas, repentinamente, dois deles pularam e me atacaram pelas costas e, de um puxão, levaram meu lanche embora. Os cinco amontoaram-se em tumulto e, com fúria selvagem, rasgaram a sacola e devoraram meu sanduíche e minhas três barrinhas de cereal. Tudo aconteceu em cinco segundos e a única coisa que sobrou foram pedaços de plástico rasgado sobre o cimento. Assim que acabaram, começaram a olhar com fome para a minha mochila e tive de espantá-los. Quando cansaram do assédio e viram que não tinha mais comida, regressaram ao grupo e saíram à caça do próximo turista desavisado.

A CASA DOS PÁSSAROS

A cinco quilômetros de distância da cidade de Puerto Iguazú, uma longa trilha que nasce na beira da estrada Rota 12 adentra a selva, ziguezagueando entre soberbos exemplares de ipês-rosas. É onde Jorge Anfuso e Silvia Elsegood construíram, com suas próprias mãos, sua casa e o refúgio de vida silvestre Güira Oga, no qual grupos de animais vivem em gaiolas ao ar livre. Güira Oga – casa dos pássaros, em guarani – não é um zoológico, mas um centro de reprodução e criação de animais selvagens da selva misionera. A instituição ocupa 20 hectares – cedidos pelo Estado – e tem um centro de recuperação. É para este hospital silvestre que são levados os animais encontrados feridos ou os recuperados de traficantes de animais. O trabalho principal é a reprodução das aves em perigo de extinção, para reintroduzi-las ao seu ambiente natural.

No setor de tucanos há quatro espécies, a maioria resgatados dentro de uma mala no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires. Na área das corujas, as crianças sentem que encontraram com Edwiges, a coruja de Harry Potter. Um pouco à frente, um barulho ensurdecedor anuncia o setor dos papagaios, onde os exemplares mais chamativos são as araras vermelhas, quase extintas em Misiones. Outra das espécies chamativas é o macuco, semelhante a uma codorna gigante, chegando a medir meio metro de altura e que mal consegue sobreviver por causa de sua cobiçada carne. Durante mais de uma década, centenas de animais passaram por Güira Oga, todos atendidos por veterinários. Alguns deles conseguiram voltar ao seu ambiente natural, enquanto os mais prejudicados acabaram ficando no abrigo e servem hoje como reprodutores. A lista de “hóspedes” em Güira Oga não para por aí. Além dos já citados, há também quatro macacos – havia 25 vivendo soltos, mas morreram de uma epidemia de febre amarela –, perus raros, como a jacutinga, além do pássaro sanhaçuescarlate, jacarés, tartarugas, veados e peixes que habitam uma ilha artificial. Também há uma grande variedade de águias e falcões. A águia solitária é a mais bonita, competindo em beleza com o falcão peregrino, que, segundo Jorge Anfuso “é a mais perfeita das aves, com a melhor aerodinâmica que existe, alcançando a velocidade de mergulho de 300 quilômetros por hora”.

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Ariel Mendieta
Depois de subir uma arvore de 30 m por uma escada de cordas, visitantes atravessam de tirolesa até a outra árvore
Depois de subir uma arvore de 30 m por uma escada de cordas, visitantes atravessam de tirolesa até a outra árvoreAVENTURA PURA

A vinte quilômetros de distância de Puerto Iguazú, há uma excursão onde é possível praticar rapel e descer de tirolesa, o que, além de divertido, permite interagir com a selva virgem, inclusive melhor até do que no Parque Nacional Iguazú.

A jornada começa em um jipe 4×4 que avança por uma trilha de terra vermelha. Durante o percurso inicial, passamos ao lado das casas simples dos índios guaranis, construídas em barro e madeira. Ao deixar o veículo, seguimos a pé até a beira de uma cachoeira de 15 metros de altura, a qual desceremos com técnica de rapel. Cada viajante precisa colocar o capacete e a cadeirinha com as amarras, que são de uso obrigatório e fornecidos pela empresa que organiza a excursão. Logo em seguida, o instrutor põe as pessoas de costas na beira do abismo – com os pés na água – no centro da queda. O instrutor tenta, com piadinhas, descontrair os iniciantes, mas só consegue provocar umas risadinhas nervosas. O mais difícil é começar a descida, jogando o corpo para trás e formando um ângulo com a parede de pedra. Depois, é só começar a descer dando pulinhos, com a água batendo no rosto.

A aventura mais original desta excursão é, sem dúvida, escalar uma enorme árvore de 30 metros de altura através de uma escada de cordas – usando equipamentos de segurança, diga-se – para depois atravessar até a outra árvore a uns 100 metros de distância, afivelado em cintos presos na corda. Chegando na primeira árvore nos encontramos em uma plataforma de madeira no ponto mais alto da selva. O panorama é excelente: a espessura da vegetação assemelha-se a um mar cor de esmeralda. Então, é possível ver como as árvores conseguem suportar em seus galhos e troncos bromélias, samambaias, alguns cactos e outras plantas. Na primavera, estes jardins suspensos ficam cheios de orquídeas que formam cachoeiras de flores amarelas, lilás e vermelhas.

Parado sobre a plataforma é impossível não deter-se para observar a vista privilegiada. Mas é o momento de saltar e de novo nossos rostos ficam sérios. Atravessa-se de uma árvore a outra utilizando a tirolesa, a uma velocidade razoável, e quase todos soltam um grito que ressoa por toda a selva. Chegando na plataforma seguinte, outro instrutor nos aguarda e nos prende em outra corda para pular até a próxima árvore.

RAFTING NO LADO BRASILEIRO

Para acrescentar uma pitada a mais de ação à viagem, uma boa pedida é atravessar a fronteira até o Parque Nacional de Iguaçu, no lado do Brasil, e descer as corredeiras do rio. É um rafting leve – nível I e II –, mas nem por isso carente de emoção. Para chegar ao local da descida partimos do cais Macuco, na parte alta do rio, com uma lancha que primeiro nos aproxima da queda Os Três Mosqueteiros, onde os turistas tomam um banho a jato na cachoeira. Logo depois, na ilha San Martin, o grupo faz um transbordo para um bote e começam os preparativos. Com os capacetes e os coletes salva-vidas bem colocados, o guia explica quais são as vozes de comando necessárias para coordenar os movimentos das equipes, como segurar os remos, as técnicas para girar e o que se deve fazer caso o bote vire.

Depois de uma pequena prática, começa a aventura. Navega-se primeiro por corredeiras suaves, para que todos ganhem confiança. De repente começa a ficar mais rápido e o rio enlouquece, para logo acalmar-se em breves remansos e então voltar a agitar-se. Nas corredeiras mais rápidas o bote inclina-se, bate em uma pedra, parece ficar a ponto de capotar, mas encontra o equilíbrio. Os guias evitam os capotamentos com maestria e, se isso acontecesse, não seria nada tão grave, já que todas as pessoas dispõem de equipamentos de segurança e há uma lancha que acompanha as equipes para evitar ou minimizar acidentes. A descida dura 30 minutos e o percurso é de 4,5 quilômetros.

VERTIGEM A JATO

A 200 metros de distância do acesso para pedestres do Parque Nacional do Iguaçu, a trilha Macuco adentra a selva solitária. Por ser bem sinalizada, não é necessário guia. Percorra o território do macaco-prego, que costuma transitar pela selva em grandes grupos. No momento menos esperado, um colorido tucano pode atravessar voando o seu caminho, que vai ficando mais estreito até parecer que a vegetação quer nos impedir a passagem. No começo, a flora nos acaricia com um suave toque, mas depois entra-se em um corpo a corpo, no qual torna-se imprescindível usar as mãos para poder afastar os galhos que impedem a passagem. No final estamos presos entre duas paredes verdes que não permitem a passagem da luz do sol. Os troncos caídos, cobertos de líquen e musgo, interrompem frequentemente a passagem, até que finalmente desembocamos em um enorme bosque de bambus.

A segunda parte da trilha Macuco é uma descida por um empinado barranco, mas a tarefa não é tão difícil como parece graças aos inúmeros galhos e raízes que servem para que as pessoas segurem-se com firmeza e evitem uma queda. O esforço da descida tem como recompensa um refrescante banho em uma piscina natural de águas cristalinas ao pé da queda d’água chamada Salto Arrechea, com 20 metros de altura. No último dia de nossa viagem, pegamos uma lancha para ter contato com as entranhas aquáticas da selva e nos metemos a toda velocidade nas corredeiras do rio Iguaçu. A navegação estava tranquila entre as muralhas vegetais ao pé das quedas d’água, até que uma brusca aceleração nos obrigou a segurar em uma corda e irromper em um turbilhão de águas que arrebentaram em uma parede próxima.

Obviamente não estávamos na temida Garganta, mas em compensação tomamos outra ducha sob pressão embaixo da queda d’água batizada de Os Três Mosqueteiros. Os passageiros gritaram como se chegassem ao fim do mundo e um violento turbilhão pareceu nos colocar no centro de uma calamidade. Ficamos imersos em uma nuvem de orvalho, enquanto a poucos metros da lancha a cachoeira explodia em rajadas de água que nos açoitavam sem cessar. Os que mais desfrutavam eram as crianças. E quando parecia que tudo tinha acabado, demos uma volta em “U” ao redor da ilha San Martin em busca da queda com o mesmo nome, umas das mais fortes do parque.

Quando a lancha encarou a toda velocidade o centro da queda d’água, alguns gritaram de alegria, outros de pavor. Sem tempo para reagir, já estávamos dentro de uma nuvem de água. De repente tivemos a impressão de como se um corpo de bombeiros abrisse suas mangueiras ao mesmo tempo, para nos atacar com jatos de água na cara. A situação era desconcertante, nem por um momento conseguíamos enxergar além da água. Alguns ficaram com medo, pensando que havia acontecido algo errado e estávamos perdidos dentro da catarata. Mas não. As medidas de segurança são rigorosas e tudo não passava de uma brincadeira eletrizante, como seguramente não há outra sequer que chegue perto.

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Ariel Mendieta
Quando as lanchas se aproximam da queda Os Três Mosqueteiros, os turistas recebem uma ducha sob pressão
Quando as lanchas se aproximam da queda Os Três Mosqueteiros, os turistas recebem uma ducha sob pressãoCATARATAS DO IGUAÇU (ARGENTINA): PARA CHEGAR LÁ

Conheça de perto a famosa Garganta do Diabo, faça canoagem e rapel no meio da selva e desfrute das “cataratas com a lua cheia”. A região de Misiones, na Argentina, está cheia de programas radicais. Arrume a mala e aproveite a província da terra vermelha.

DICAS BÁSICAS

Como chegar

A maneira mais fácil de chegar à cidade argentina de Puerto Iguazú é via a brasileira Foz de Iguaçu, no Paraná (a distância entre as duas cidades é de apenas 10 km). Gol e TAM voam até Foz, partindo de diversas cidades brasileiras. Também é possível chegar de ônibus. Para ter mais informações sobre o lado argentino das cataratas, acesse o site Iguazu Turismo.

Clima

Nos meses de inverno, o clima é temperado na região de Misiones. Em alguns dias, pode fazer frio pela noite, mas usar um agasalho leve é suficiente. Na excursão com lua cheia, pode acontecer de você se molhar um pouco, portanto, leve roupa apropriada.

Entrada

Os brasileiros pagam $ 70 (pesos argentinos) para entrar no parque (R$ 1 está valendo cerca de $ 2,30). O parque abre das 8h às 18h.

Sugestão

O melhor é chegar ao parque bem cedo, assim que abrir, e ir direto para a Garganta do Diabo, já que nesse horário há menos visitantes e o espaço é reduzido. Normalmente, os grupos de turistas chegam por volta do meio-dia.

TRÊS MANEIRAS DE VIAJAR…

Com economia

COMER

No parque há lanchonetes que oferecem sanduíches, empanadas, doces e bebidas. De qualquer forma, não esqueça que compensa mais comprar antes seu próprio lanche e bebidas e levar consigo na mochila.

DORMIR

O Hostel Bambú – a duas quadras do terminal de ônibus, é um dos melhores da região, limpo e com ótimo atendimento. Tem um bar ao ar livre muito divertido (o quarto compartilhado custa $ 40; o quarto duplo com banheiro, $ 140).

COMPRAS

Dentro do parque nacional, os índios da etnia Guarani oferecem seu artesanato produzido em madeira, flechas e colares de boa qualidade. No parque também é possível comprar o respeitável documentário Abismos Verdes.

Com conforto

COMER

Dentro do parque nacional, o restaurante La Selva oferece comida tipo self-service com excelente carne assada, saladas e sobremesas variadas ($ 55 por pessoa).

DORMIR

Cabañas del Leñador é um complexo aquático dentro de um bosque, com uma enorme piscina. Fica localizado na periferia de Puerto Iguazú, sendo uma boa opção com preço razoável e serviço de excelente qualidade (quarto duplo em cabana $ 337, com café da manhã).

COMPRAS

Um pulinho para ir às compras na cidade vizinha Ciudad del Este, no Paraguai, é uma ótima pedida. É recomendável sair bem cedo e não afastar-se muito das lojas, onde é possível comprar eletrônicos de marcas conhecidas a preços atraentes, além de roupas e relógios. Mas atenção: só é permitido atravessar a fronteira com compras no valor máximo de US$ 100 por pessoa.

Com luxo

COMER

La Rueda é considerado o melhor restaurante de Puerto Iguazú. Sua especialidade são os peixes, como o surubim, o dourado e o pacu.

DORMIR

Loi Suites Iguazú é um hotel 5 estrelas, escondido entre a vegetação da selva Iryapú. Possui três piscinas unidas por cachoeiras, um spa em estilo oriental e oito cabanas à beira do barranco do rio Iguaçu, com deck e jacuzzi ao ar livre (quarto duplo standard por US$ 230; cabana para três pessoas por US$ 530).

COMPRAS

O lugar ideal para as compras no lado argentino, em Puerto Iguazú, é a zona franca localizada junto à ponte internacional que atravessa para Foz do Iguaçu. Conhecido como “free-shop”, é uma espécie de shopping de luxo onde vendem-se eletrônicos, roupas, alimentos e bebidas, tudo importado e por um preço abaixo do habitual.

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Ariel Mendieta
As ruínas de San Ignacio Miní são um dos sítios arqueológicos mais interessantes da Argentina
As ruínas de San Ignacio Miní são um dos sítios arqueológicos mais interessantes da ArgentinaPASSEIOS

• O passeio à Garganta do Diabo com lua cheia é feito apenas cinco dias ao mês: o dia da lua cheia, dois dias antes e dois dias depois, sempre e quando não estiver nublado. São três saídas por noite, às 20h, 20h45 e 21h30. O valor é de $ 120 por pessoa (opção com jantar custa mais $ 40). O transporte até o parque fica por conta dos visitantes. É preciso fazer reserva antecipadamente, pois as vagas são limitadas.

• A entrada a Güira Oga custa $ 30. A visita dura uma hora e meia.

• A excursão com canoagem e rapel, organizada pela Iguazú Forest, dura metade de um dia ($ 150 com transporte incluído).

• A Iguazú Jungle Explorer oferece a excursão Aventura Náutica, na qual você navega entre os saltos em um bote de rafting. O preço é de $ 135 por pessoa. As saídas são de hora em hora, em frente ao posto da empresa que fica diante da ilha San Martín. O passeio chamado Gran Aventura inclui o tour anterior mais outro, em caminhão descoberto, pelo meio da selva ($ 200). Também é possível fazer o Passeio Ecológico em bote a remo ($ 50). Além destes, há programas especiais como o Passaporte Verde, que inclui o Passeio Ecológico e a Gran Aventura ($ 230), e o Full Day Cataratas, que une o Passeio Ecológico com a Aventura Náutica ($ 135). A descida de rafting, já no lado brasileiro, custa R$ 70 por pessoa.

• O Jardim dos Beija-flores fica a três quarteirões do terminal de ônibus (Fray Luis Beltrán 150; fone 03757 424081).

• Visitar as cataratas do lado brasileiro é um programa indispensável para ter uma perspectiva diferente da região. Do lado argentino você vê tudo ao seus pés, já do nosso lado é possível ter uma vista panorâmica. Para chegar ao lado brasileiro, é preciso pegar um ônibus que sai do terminal de Puerto Iguazú e atravessa a fronteira. Um passeio imperdível no lado brasileiro é o Parque das Aves, uma espécie de zoológico onde as pessoas entram em gaiolas enormes, no meio da selva, repletas de aves tropicais (R$ 18). Os pacotes montados pelas agências de turismo são, no geral, de duas ou três noites, mas se você quer visitar tudo de forma tranquila e ter tempo de descansar nos jardins do hotel (a maioria possui jardins), é recomendável ficar quatro ou cinco dias.

As ruínas de San Ignacio Miní

Além das Cataratas de Iguaçu, a região hermana de Misiones possui um dos sítios arqueológicos mais interessantes da Argentina: as ruínas jesuítas de San Ignacio Miní. Pertenciam a uma das 13 missões (montadas às margens dos rios Paraná e Uruguai) que a Companhia de Jesus usou para agrupar os índios guaranis com a intenção de evangelizá-los e treiná-los na forma de produção europeia. No caso de San Ignacio, esta cidade teocrática começou a ser criada em 1696 e chegou a ter cerca de 3.300 habitantes. Embora o trabalho fosse voluntário, os guaranis adaptaram-se porque, ao menos, nas missões jesuíticas, eles não eram assassinados pelos colonizadores espanhóis, que, infelizmente, era a forma mais difundida na época de “colonizar”.

O método de impor a cultura ocidental e cristã aos índios, aplicado pelos jesuítas, parece ter sido a forma mais inteligente – e por isso mais eficiente que a clássica violência –, a tal ponto que chegaram a converter-se em estados autônomos dentro do próprio estado, com poder econômico próprio, independente do poder real, o que acabou levando a que fossem expulsos da América do Sul. Em San Ignacio, ficaram os restos de uma fabulosa fachada barroca, com blocos de pedra vermelha. Ao caminhar entre as ruínas, encontramos o que era chamado de Plaza de Armas, o centro da vila, ao redor do qual estavam as casas, o cabildo e o cemitério. As ruínas ficam dentro de uma cidadezinha com o mesmo nome, a 300 km de distância de Puerto Iguazú, no centro da província de Misiones. Em geral, as visitas às ruínas são uma excursão de um dia inteiro, que podem estar combinadas com um passeio pelas minas de Wanda, espécie de canteiro a céu aberto de pedras coloridas semipreciosas (excursão $ 140).

A rota da erva-mate

Misiones é a província que mais produz a erva-mate, utilizada no tradicional costume de tomar mate (na Argentina) ou chimarrão (no Brasil). A região de maior produção fica no sul da província. Transitar pelas estradas e caminhos de terra vermelha de Misiones e entrar em contato com os segredos da produção da erva-mate é a desculpa perfeita para conhecer a fundo a vida rural da província, que tem como traço mais caractereistico os tradicionais colonos de origem europeia que vieram construir a vida na América do Sul, em meio à selva virgem no começo do século 20. A Rota da Erva-Mate – um circuito desenhado por uma equipe da Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires – começa ao norte da província de Corrientes e estende-se por quase toda a província de Misiones. Existem seis circuitos que é possível percorrer em dois ou três dias cada um, abrangendo um total de cerca de mil quilômetros, com 30 hospedagens, 15 restaurantes, 8 eco-lodges e 7 fazendas. O interessante é observar as plantações, a colheita, a secagem das folhas, a trituração e a embalagem. Na cidade de Apóstoles, é possível visitar a Casa do Mate e o Museu Juan Szychow, o pioneiro inventor de uma máquina de empacotar erva-mate no começo do século 20. Mas observar as plantações e as técnicas utilizadas na exploração da mesma não é o único prazer deste circuito: é possível experimentar os diferentes – e inusitados – usos da erva-mate na culinária, como o surubim frito com tempurá de erva-mate, o dourado a la plancha com molho de erva-mate ou um simples sorvete de erva-mate.