Top 5 Estádios da Europa: 5 – Old Trafford, Manchester

Old Trafford, Manchester
Capacidade: 75.000
Time da casa: Manchester United
Tour: sim, guiado
Visita ao vestiário: sim, vestiário real
Visita ao campo: sim, via acesso ao banco de reservas e área técnica
Site Oficial: http://www.manutd.com

Por que é obrigatório
No Reino Unido, o país criador do futebol, o United é quem manda. No meio de novos ricos que andam dando trabalho como Chelsea e Manchester City, o Manchester, como o United é conhecido no Brasil, tem tradição de vencedor e história de soberania.

A longevidade da carreira dos seus maiores ídolos assuta e deixa evidente o quanto o clube desperta a paixão não só dos torcedores, mas dos seus profissionais também: Alex Ferguson, o treinador lenda recém-aposentado, comandou o time por 26 anos; Bobby Charlton, o maior ídolo do futebol bretão e principal joagdor da Inglaterra na conquista da copa de 1966, jogou lá por 20 anos; George Best, famoso com o bola e os microfones – “90% do dinheiro que ganhei com o futebol eu gastei em mulheres e ácool. O resto eu desperdicei.” -, jogou outros 10, assim como David Beckham, o rock-star. Ryan Giggs, no clube desde que foi revelado, em 1990, ainda está em atividade e jogando bem aos 39 anos.

Alex Ferguson tem uma sala dedicada só a ele no museu do United. Foram 26 anos de títulos e recordes

Túnel de acesso dos vestiários ao campo

A atmosfera do Old Trafford, estádio do Manchester United, é incrível, mesmo não sendo dia de jogo. Ele fica no meio de um quarteirão vermelho de fanatismo, repleto de lojas e pubs decorados com temas do time. No trajeto da estação de trem até a porta da arena, constantemente vigiada pela santíssima trindade George Best/David Lad/Bobby Charlton, vendedores tentam empurrar camisas oficiais. Manchester é uma cidade importante e pioneira (precursora da Revolução Industrial e criadora da primeira ferrovia para passageiros, até Liverpool), mas os caras sabem que quem vai lá quer mesmo é fazer uma visita ao United.

O tour é liderado por um guia de meia idade, de cabelos totalmente brancos e bochecha vermelha. Não podia ser mais inglês. Ele começa nos levando direto para as arquibancadas do estádio que, embora tenha sido expandido diversas vezes através dos tempos, é muito bem acabado e sem nenhum puxadinho – os 76 mil lugares lotam a cada jogo. Depois de esperar alguns minutos pra que todo mundo tenha a chance de se espantar com a grandiosidade daquilo, ele começa o discurso: – “Bom dia e desculpem o meu sotaque.”

Camisa de Rio Ferdinand no vestiário. Zagueiro é um dos jogadores mais queridos pela torcida

O guia velhinho até lembra o Ferguson, não?

Banco de reservas é praticamente parte da arquibancada

Com muita simpatia, ele lidera o grupo por uma hora e meia, explicando cada detalhe das áreas que visitamos. Piadas prontas envolvendo o Liverpool e o fato do Manchester City ter se tornado grande só depois de mais de 100 anos de vida são recorrentes. Todas elas funcionam.

No vestiário, com as camisas dos jogadores penduradas na parede, a 10, 11 e 5 (Rooney, Giggs e Rio Ferdinand) são concorridas para fotos.

No momento mais esperado, quando subimos ao campo, o tempo é limitado. Os bancos de reserva, que mais parecem assentos VIP da arquibancada, fazem os jogadores se tornarem espectadores junto com a torcida e é por isso que, durante o intervalo, é normal que eles se cumprimentem e distribuam autógrafos por ali.

Como diz meu amigo Gilberto: Péssima lembrança de uma ótima época

Relógio marca data e hora do acidente aéreo que matou mais de 20 pessoas da delegação do United

Arquibancadas do Old Trafford reverenciam Alex Ferguson e o apelido do estádio: The Theater of Dreams

Após passar rapidamente pelo pequeno museu, onde vi o troféu do Mundial de 1999 (com muita dor no coração), entramos na megastore mais completa que um time de futebol pode ter. Camisas retrô com nomes de jogadores que já saíram do clube são vendidas, com a marca do patrocinador antigo e tudo. E quem quiser decorar a casa inteira com acessórios do time, consegue sem problema – de kit de louças à cortinas.

Dos cinco estádios da série, o meu preferido.

Impressionante…
Há uma parte da fachada do estádio dedicado às vítimas do acidente aéreo de 1958, em Munique. Um relógio fica parado, mostrando a hora do acidente, no qual uma tentativa falha de decolagem matou mais de 20 pessoas (de cerca de 40 a bordo), incluindo jogadores, jornalistas, tripulação e diplomatas. Entre os sobreviventes, uma revelação de 21 anos que ainda estava se estabelecendo no time principal do United: Bobby Charlton.

Top 5 Estádios da Europa: 1 – Allianz Arena, Munique

Quando eu era bem, mas beeem mais novo, cansava de assistir jogos de campeonatos europeus e escutar meu pai dizer que já tinha ido nesse estádio ou morado perto daquele outro. Eu tinha inveja.

Sempre amei futebol mas, nessa época, nunca tinha ido ver jogo fora do circuito basicão de São Paulo: Palestra Itália, Pacaembú e Morumbi.

Aqueles lugares que apareciam na TV pareciam não existir. Falar que o jogo estava acontecendo na Espanha ou em Marte dava no mesmo. Só sabia que era longe e que, embora quisesse muito ter a chance, nunca estaria lá pra ver.

Com o tempo, fui aprendendo as diferenças entre os países, me apegando mais a alguns clubes e , principalmente, ficando fanático por viajar. E aí, desde virei nômade, turismo esportivo sempre esteve nos meus checklists.

Saber que eu consegui passar pelos cinco estádios que eu mais queria e ainda assistir a uma partida em um deles é uma sensação de conquista impagável.

Em cinco posts, os cinco coliseus mais sagrados da Europa para peregrinos do esporte.

Allianz Arena
Capacidade: 71.000
Time da casa: Bayern de Munique / TSV 1860
Tour: sim, guiado
Visita ao vestiário: sim, vestiário real
Visita ao campo: não, o mais perto que se chega é o túnel de saída do vestiário para o campo
Site Oficial: http://www.allianz-arena.de/

Por quê é obrigatório
Toda a eficiência da engenharia alemã, a alegria e beleza de Munique abraçaram este estádio desde que ele ainda era conceito. Todos sabiam que sim, por mais inovador que fosse, ia se tornar realidade. Era só questão de tempo.

E em 2005, um ano antes da Copa do Mundo da Alemanha, o Allianz Arena abriu as portas da obra prima que se tornou o paizão das arenas, como os estádios gostam de ser chamados hoje em dia.

O formato e textura de pneuzão, por causa do revestimento externo de bolhas de plástico, colocadas uma a uma do teto ao chão, foi completado por uma tecnologia que faz o estádio mudar de cor de acordo com o time que estiver em campo – vermelho para o Bayern, azul para o TSV. E para aparecer bonito na foto quando não houver atividade, branco, verde ou misturado.

Para o dia… fonte: http://www.bayernmunchen.com.br

Para jogos do TSV… fonte: http://www.bayernmunchen.com.br

E para partidas do Bayern. fonte: http://www.bayernmunchen.com.br

A Euro de 2004, em Portugal, já tinha apresentado os primeiros estádios de sonhos (principalmente o Estádio da Luz, em Lisboa) com todo o conforto e beleza do mundo, mas o Allianz Arena o superou e, desde então, não houve arena que conseguisse causar o mesmo impacto.

A alegria de Munique está presente ali, substituindo as memórias trágicas do Olympiastadion, principal estádio da cidade até então (tem um pouco mais sobre as Olimpíadas de 72 neste outro post aqui: Setembro e suas tragédias).

Impressionante…
Mesmo com pouquíssimo apelo intenacional, o TSV, que joga na segunda divisão alemã e luta pra conseguir mais que vinte mil espectadores por jogo, ainda é um dos proprietários do estádio. O Bayern, por sua vez, muito maior e com muito mais poder de exploração de imagem, não pode fazer customizações no estádio por conta disso.

Top 5 Estádios da Europa: 2 – Camp Nou, Barcelona

Camp Nou
Capacidade: 99.000
Time da casa: Barcelona
Tour: sim, sem guia. Há um trajeto a ser percorrido que pode ser feito em quanto tempo o visitante precisar.
Visita ao vestiário: sim, mas apenas vestiário do time visitante
Visita ao campo: sim, mas não se pode sentar no banco de reservas pra fazer fotos.
Site Oficial: http://www.fcbarcelona.com/camp-nou

Tudo sobre o Camp Nou está neste outro post aqui sobre Barcelona, junto com o Museu Picasso.

Por quê é obrigatório
Se você está na casa dos quase 30, como eu, este é o clube que consagrou todos os principais jogadores do Brasil que nossa geração idolatra. Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e agora, quem sabe, Neymar. É o maior estádio 5 estrelas da Europa, que tem o melhor time (o Bayern de Munique estava iluminado na última Champion’s) e o melhor jogador da atualidade.

Impressionante…
São quase cem mil lugares! E não cem mil como o velho Maracanã já abrigou. É tudo certinho, bonitinho, conforme a chata da FIFA exige. O acesso à cabine de imprensa revela a parte mais atmosférica do tour, quando, ao mesmo tempo que se admira o estádio gigantesco, as vozes de narradores do mundo todo ecoam gols que foram narrados dali mesmo.

Top 5 Estádios da Europa: 3 – San Siro / Giuseppe Meazza, Milão

San Siro / Giuseppe Meazza
Capacidade: 80.000
Time da casa: Milan / Internazionale
Tour: sim, com guia.
Visita ao vestiário: sim, vestiário real e dos dois clubes
Visita ao campo: depende do dia.-
Site Oficial: http://www.sansiro.net/

Por quê é obrigatório
Na cidade mais fanática por futebol da Europa, do país que mais ganhou Copas do Mundo depois do Brasil, o San Siro é a casa de dois clubes gigantes, que compartem a mesma casa, mesmo sendo arquirrivais.

Apesar de renovado diversas vezes para receber grandes eventos (como a Copa de 1990), nunca conseguiu a aparência de arena. Pelo contrário, os retalhos adicionados ao longo dos tempos são bem visíveis. O mais evidente, na parte de fora, são as 11 colunas de sustentação para suportar os novos anéis de arquibancada e a cobertura, que foram sendo adicionados ao longo do tempo.

ps1: Kaká, último jogador brasileiro eleito melhor do mundo (2007), teve seu auge jogando pelo Milan.

ps2: Dos 5 estádios mencionados nessa série de posts, este foi o único que eu tive a chance de ver um jogo. E vi que não é por acaso que o San Siro nunca foi transformado em arena, daquelas que a torcida consegue quase abraçar os jogadores. As organizadas são fanáticas (pra não dizer violentas) e entoam gritos racistas com frequência, já que este não é um crime punido com a severidade que deveria na Itália.

Vestiário do Milan visto da cadeira que era ocupada por Inzaghi

Arredores do San Siro / Giuseppe Meazza

Pessoal começa a chegar pro jogo…

Impressionante…
Se você der sorte de ter um guia milanista, logo antes de entrar no vestiário do Milan, eles te pedem par que você entre e pegue qualquer um dos assentos, sem pensar. Com todo mundo ajeitado, ele diz qual é o jogador que utiliza aquele espaço nos dias de jogo. Peguei a cadeira do Filippo Inzaghi, atacante brilhante que jogou mais de 10 anos no clube e, naquela época, iria jogar apenas mais dois meses antes de parar. O vestiário da Inter, em compensação, é extremamente minimalista e, até certo ponto, decepcionante.

Top 5 Estádios da Europa: 4 – Santiago Bernabéu, Madrid

Santiago Bernabéu, Madrid
Capacidade: 85.000
Time da casa: Real Madrid
Tour: sim, guiados ou não
Visita ao vestiário: sim, vestiário do clube visitante
Visita ao campo: sim, com acesso ao banco de reservas
Site Oficial:http://www.realmadrid.com

Por que é obrigatório
A menor torcida do Real Madri está na Espanha. Por todo o mundo, brasileiros, chineses, árabes e gente de tudo quanto é jeito adotou o clube como sendo o do coração. Pré-temporadas no exterior pra desfilar jogadores famosos não tem nada de amistosas e envolvem muito dinheiro. Tudo vira glamour no futebol de grife do Madri.

Impressionante
Ao contrário de outros estadiões, o Santiago Bernabéu não tem sua própria ilha de isolamento da cidade. Ele está ali, no meião de tudo, espremido num quarteirão que quase toca seus vizinhos. Inclusive é mais alto que muitos dos prédios ao redor.

Estádio da Luz, Lisboa

Sou fã de futebol.
Sou fã de Lisboa.
Talvez apaixonado seja o termo certo.
Tanto por futebol, como por Lisboa.
Enfim… a pequena capital eleita Melhor Destino Europeu no World Travel Awards, guarda um tesouro para amantes do esférico (tá bom vai, agora eles já falam bola): o novo Estádio da Luz, construído para a Euro2004.

A Lushh é a casa dos adeptos do Benfica, um dos times que compõe o trio de ferro português, junto com o Sporting (também de Lisboa) e o Porto (dãããr).
Se for em um dia que não tem jogo, dá pra visitar o museu, dar uma volta por todos os setores da torcida (incluindo o camarote onde ficam o presidente do clube, o Eusébio e outros vips), o relvado e até uma réplica dos balneários.

estadio da luz lisboa
À beira do relvado

equipamento uniforme miklos feher
Uniforme utilizado pelo húngaro Miklos Fehér…

miklos feher equipamento benfica
quando faleceu durante uma partida.

Depois de conferir tudo, é impossível resistir à vontade de ir a um jogo.
E como é estranha a sensação de não pegar fila quilométrica na bilheteria. Mais estranho ainda pagar um preço justo no ingresso, entrar no estádio sem muvuca, achar o seu lugar em 5 minutos e ele não estar ocupado por ninguém! Povo estranho…

balneario vestiario benfica luz
Réplica do balneário e dos equipamentos dos jogadores

maqueta maquete estadio da luz
Maquete do Estádio da Luz

bilhete ticket ingresso benfica

Já começado o embate, eu não tava entendendo uma coisa: quando o nosso defesa central Luisão fazia uma das trapalhadas dele, o pessoal resmungava sozinho e repetia: – F*da-se.
Pensei: caramba, mas o cara tá vacilando e o pessoal deixa pra lá assim tão fácil… lá no Palestra já teriam xingado até a tia dele.
Aí um torcedor mais esclarecedor apareceu pra gritar isoladamente: – F*da-se Luisão!!!
Só então eu me toquei que a expressão não é que nem o nosso deixa pra lá, mas sim uma espécie de imperativo, tipo “f*da-se você”.
Pouco depois, o Rui Costa (sim, eu vi um dos últimos jogos da carreira do Rui Costa!) caiu na área e… penálti! Convertido em golo pelo Cardozo, o avançado.
Até que sou pé quente, o Bãnfica meteu 3 a 0.
Só que o Porto foi novamente o grande campeão da época.