Em destaque: Queen Victoria memorial, o troféu a ser conquistado em Calcutá, na Índia
Calcutá está bem ao leste da Índia, quase na fronteira com Bangladesh e, por isso, fica bem difícil incluir em qualquer tipo de rota. Seja bate-volta ou no meio do caminho, a cidade está sempre na contra mão.
Se a Índia, por mais consolidada que seja como destino turístico, vai ser sempre considerada alternativa, Calcutá é o exótico dentro do exótico.
É uma cidade dura, inflexível e desacostumada aos holofotes. E é aí que está a graça.
Dois bons motivos para não deixar Calcutá de lado:
Queen Victoria Memorial
Muito do que se vê em Calcutá, é pra esquecer. Não é o caso do Queen Victoria Memorial, um dos principais monumentos deixados pelos britânicos, que marcaram o país com verdadeiros castelos.
Pela manhã, o branco do mármore se combina ao enorme jardim que circunda o palácio-museu, refletindo a forma de suas cúpulas simétricas na água.
Depois, quando o sol já está bem mais baixo, as cores do céu são reproduzidas nas paredes do gigantesco memorial e a vida começa acontecer, com as família e os casais aproveitando a temperatura mais amena.
Carruagens estacionadas à frente do memorial oferecem um passeio mais lúdico, com início e final no portão principal.
Quando o sol desce, o mármore branco do memorial reflete as cores do céu
Por do sol refletido no lago do jardim do Queen Victoria Memorial
Os jardins do palácio são terreno particular e cobram entrada, mas a vida social é intensa
Peter Cat
Peter Cat foi o lugar pra jantar recomendado por 10 a cada 11 pessoas que eu perguntei. Na Park Street, o endereço principal, a rua nobre, que tem exgraxates miseráveis esperando clientes na porta de cada cafeteria, está o famoso restaurante.
Como de costume, uma recepção de outro mundo, como se eu fosse o dono ou alguém da família dele. Destacando-se em meio aos garçons vestidos em turbantes e coletes típicos, um mais baixinho e de terno amarrotado veio logo ao meu encontro.
Antes de qualquer coisa, perguntou de onde eu vinha e, logo depois da resposta, falou muito sobre Ronaldo, antes de contar que a seleção da Argentina tinha ido jantar lá depois da partida que fizeram no país, em 2011. Disse ainda que eram comuns as comemorações dos jogadores de cricket, o esporte nacional da Índia, acontecerem ali; e que celebridades de Bollywood, a enorme indústria cinematográfica do país, apareciam de vez em quando.
Pra mim, honestamente, foi tudo papo de hospedaria. Eles gostam e se derretem à menor visão de um estrangeiro – eu, como paulistasso de corpo e alma, sei do que estou falando.
Estava claro que o Peter Cat, com sua luz fraca e vermelha, cuidadosamente posicionada nos lustres baixos, quase tocando a cabeça dos clientes, é o lugar onde os indianos levam uma garota no primeiro encontro.
Luzes e trajes do Peter Cat te levam, mesmo que sem querer, de volta aos anos 60
Cardápio de vinhos
O menu de drinks, também vermelho e delicadamente ilustrado, comprova. Todos tem nomes pornográficos como a noite toda e quem manda aqui e preços que não chegam ao de uma água mineral em qualquer cidade um pouco menos carente.
Não tão afrodisíacos são os arrotões do barman, entre um drink e outro, que se sobrepunha e todos os outros arrotos menos estrondosos, que os clientes locais soltam normalmente, como se fosse uma tosse.
No restaurante da moda, mais tradicional, mais caro e exclusivo da cidade, pedi dois drinks de rum, a salada mais completa, que servia até duas pessoas; um biryani (arroz frito com cordeiro) para o prato principal; e duas sobremesas combinadas (sorvete e bolo de banana). Conta: R$ 25,00.
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