Bathsheba Sherman, o filme Invocação do Mal (2013), dirigido por James Wan, trouxe ao público a aterrorizante história de Bathsheba Sherman, uma suposta bruxa que teria cometido assassinatos brutais e causado terror a gerações de pessoas que viveram em sua antiga propriedade. Embora muitos elementos do filme sejam ficcionalizados para amplificar o impacto, Bathsheba Sherman foi, de fato, uma pessoa real, envolta em mistérios e lendas que perduram até hoje. Este texto desvenda a história por trás da personagem que inspirou uma das figuras mais icônicas do cinema de terror.
Quem Foi Bathsheba Sherman?
Bathsheba Thayer nasceu em 1812, em Connecticut, Estados Unidos. Desde jovem, Bathsheba era descrita como uma mulher de beleza extraordinária, atraindo atenção em sua comunidade rural. Casou-se com Judson Sherman, um fazendeiro de sucesso, e juntos se mudaram para uma propriedade em Harrisville, Rhode Island. O casal teve um filho, Herbert, e aparentemente vivia uma vida tranquila e confortável. No entanto, a paz não duraria muito tempo.
A Tragédia e as Acusações
A vida de Bathsheba mudou drasticamente após a morte misteriosa de um bebê que estava sob seus cuidados. Segundo relatos, a criança faleceu de forma brutal, com uma ferida no crânio causada por um objeto pontiagudo, possivelmente uma agulha de costura. Embora Bathsheba tenha sido acusada de assassinato, o caso nunca foi levado a julgamento devido à falta de provas concretas.
No entanto, a comunidade local não perdoou Bathsheba. Ela foi estigmatizada como uma praticante de bruxaria, acusada de sacrificar o bebê em um ritual satânico. Esses rumores, alimentados pelo medo e pela superstição, isolaram Bathsheba e sua família, transformando sua vida em uma espécie de exílio social.
A Lenda de Bathsheba
Após a morte de seu filho Herbert ainda na infância, a reputação de Bathsheba como uma figura sombria e perigosa se consolidou. Segundo a lenda, ela teria sacrificado o próprio filho em um pacto com o diabo, em troca de beleza e poder. A história afirma que Bathsheba teria esfaqueado o bebê várias vezes antes de se enforcar em uma árvore próxima à propriedade em 1849. No entanto, registros históricos indicam que Bathsheba viveu até 25 de maio de 1885, falecendo em idade avançada.
A causa de sua morte, segundo algumas fontes, foi uma forma incomum de paralisia, que teria “petrificado” seu corpo. Esse detalhe alimentou ainda mais os mitos em torno de sua figura, com muitos acreditando que seu corpo foi transformado em pedra como punição divina.
A Casa dos Perron e os Eventos Sobrenaturais
Mais de um século após a morte de Bathsheba, sua antiga propriedade foi adquirida pela família Perron em 1971. Roger e Carolyn Perron, junto com suas cinco filhas, se mudaram para a casa na esperança de uma vida tranquila no campo. No entanto, logo após a mudança, eventos inexplicáveis começaram a ocorrer.
Os Fenômenos Sobrenaturais
De acordo com os relatos da família Perron, a casa era habitada por várias entidades espirituais, mas nenhuma delas tão ameaçadora quanto Bathsheba. Carolyn Perron, em particular, parecia ser o alvo principal da presença maligna. Entre os fenômenos relatados estavam:
- Objetos que se moviam sozinhos;
- Cheiros desagradáveis de carne podre;
- Ruídos inexplicáveis, como batidas e sussurros;
- Aparições assustadoras.
Segundo Andrea Perron, uma das filhas, Bathsheba se considerava a verdadeira dona da casa e tinha um ressentimento profundo contra Carolyn. “Ela via minha mãe como uma intrusa e parecia determinada a expulsá-la da propriedade”, revelou Andrea em entrevistas.
Ed e Lorraine Warren: A Intervenção dos Demonologistas
Desesperados pelos constantes ataques, os Perron recorreram à ajuda de Ed e Lorraine Warren, famosos investigadores paranormais. Em 1974, o casal visitou a casa e conduziu uma investigação detalhada. Lorraine, uma médium, afirmou sentir uma presença maligna muito forte associada a Bathsheba Sherman.
O Exorcismo
Durante sua investigação, os Warren organizaram uma sessão de exorcismo para tentar libertar Carolyn da influência de Bathsheba. O ritual, no entanto, teria tomado um rumo perigoso. De acordo com Andrea Perron, sua mãe foi violentamente possuída durante o exorcismo:
- Carolyn falou em uma língua desconhecida;
- Seu corpo se contorceu de maneiras impossíveis;
- A cadeira em que estava sentada levitou antes de ser lançada ao outro lado da sala.
Esse evento marcou o ponto mais alto da investigação dos Warren, mas também levou a um desentendimento entre o casal de investigadores e Roger Perron, que pediu para que deixassem a casa. Embora os Warren tenham relatado que a presença de Bathsheba foi contida, a família continuou a experimentar fenômenos inexplicáveis até deixar a propriedade em 1980.
Ficção x Realidade: O Que É Verdade em Invocação do Mal?
O filme Invocação do Mal tomou algumas liberdades criativas ao retratar Bathsheba Sherman como uma bruxa que amaldiçoava qualquer um que tentasse ocupar sua antiga propriedade. Embora existam registros históricos que confirmam a existência de Bathsheba, não há evidências concretas de que ela tenha cometido os crimes pelos quais foi acusada ou que estivesse envolvida em práticas satânicas.
Além disso, os relatos da família Perron sobre os fenômenos sobrenaturais foram amplamente debatidos por céticos e especialistas paranormais. Alguns acreditam que os eventos podem ter sido exagerados ou influenciados por crenças pessoais.
O Legado de Bathsheba Sherman
A figura de Bathsheba Sherman permanece envolta em mistério e lendas. Sua história continua a fascinar entusiastas do paranormal e fãs de terror, especialmente após o sucesso de Invocação do Mal. A propriedade dos Perron, conhecida como “The Conjuring House”, tornou-se um ponto turístico popular, atraindo curiosos e investigadores paranormais de todo o mundo.
Embora nunca possamos saber ao certo o que aconteceu na casa ou quem realmente foi Bathsheba Sherman, sua história serve como um lembrete das fronteiras tênues entre história, lenda e imaginação.
Conclusão
Bathsheba Sherman, a mulher que inspirou Invocação do Mal, é uma figura que transita entre a realidade e o mito. Com uma vida marcada por tragédias, acusações e isolamento, ela se tornou uma lenda sombria, perpetuada por relatos de fenômenos sobrenaturais e pela cultura popular. Seja como bruxa, vítima de injustiças ou apenas um símbolo do medo do desconhecido, Bathsheba Sherman continua a provocar calafrios e despertar curiosidade em todo o mundo.