Salvador é uma cidade que tem malemolência, cheira a maresia e a dendê. A gastronomia típica é muito rica, colorida, aromática, forte, quente e muito, muito saborosa. A estrela da culinária soteropolitana, sucesso absoluto entre visitantes e baianos é uma boa moqueca. Onde comer moqueca em Salvador?! Conto agora qual é um dos meus lugares favoritos por aqui.
Origem da moqueca
Antes, porém, quero contar que a moqueca baiana é resultado da influência das três culturas que formaram esta terra tão singular: a portuguesa, a africana e a indígena. Nada poderia, portanto ilustrar melhor nossa própria cultura e aparência miscigenada que a moqueca.
O azeite de dendê e o leite de coco que dão identidade e cor a nossa moqueca são de origem africana. A farinha de mandioca para fazer a farofa e o pirão, além da maneira branda de cozinhar no caldo, vem dos indígenas. Por fim, dos portugueses herdamos o hábito da peixada. Tudo junto e misturado originou esta delícia da nossa gastronomia.
Essa mistureba deu liga!
Fui cozida no dendê
Eu não resisto a uma boa comida de azeite, como nós dizemos por aqui, em terras soteropolitanas, quando nos referimos aos pratos feitos com o forte e avermelhado azeite de dendê, afinal eu fui cozida no dendê! Minha mãe faz uma moqueca de matar qualquer um de tanto amor e de tanto comer.
Comer moqueca em Salvador
Moqueca de camarão: não resisto
Dentre os restaurantes da cidade, um dos meus preferidos para comer uma moqueca em Salvador é o Restaurante Ki-Muqueca. Ele tem vários endereços, mas o que costumo frequentar é a unidade do Jardim Armação.
O Restaurante Ki-Muqueca
O ambiente do Restaurante Ki-Muqueca é formado por três salões com ar condicionado, item necessário, diria até indispensável nesta cidade que costuma ser quente quase o ano todo. Principalmente quando o almoço em questão é moqueca, que pode fazer a gente suar um bom bocado!
Belas imagens da Bahia decoram o ambiente.
Garçonetes vestidas com saias características e torso na cabeça, geralmente com um sorriso simpático no rosto, atendem os salões. Há garçons também, mas as garotas com suas roupas chamam mais a atenção, especialmente dos turistas. O serviço, que não costuma ser grande coisa na cidade, pode ficar bem atrapalhado no Ki-Muqueca, mas ele costuma ser gentil e célere.
Comer moqueca em Salvador
Um dos salões do Ki-Muqueca
Garçonetes com suas características indumentárias
Vamos lá com certa frequência. Uma vez eu pedi uma banda de limão (eu gosto de comer moqueca com limão e pimenta) para a senhora, bem senhora mesmo, que nos atendia e ela entendeu que eu queria uma mesa maior. Nossa comunicação foi toda assim, nós falando uma coisa, ela entendendo outra, mas o tempo todo ela ria e brincava conosco, além de, depois de entender o que queríamos, nos atender com muita rapidez e presteza.
Em outra ocasião, uma garçonete redondinha, risonha e confusa nos atendeu. Quando decidimos nosso pedido, chamamos nossa simpática garçonete. Ela disse que iria até outra mesa e voltaria em seguida. No entanto, ela esqueceu-se de nós e foi indo embora com toda a ginga baiana.
No meio do caminho, e do salão, ela lembrou-se de nós e voltou (literalmente) correndo, desviando das bandejas de moqueca, até nossa mesa. Quando nos alcançou eu nem sei quem ria mais: eu ou ela.
Fila na porta, pois aqui em Salvador almoça-se cedo
Uma coisa é quase certa no Ki-Muqueca: a fila na porta. A não ser para quem madruga e chega pouco antes do meio dia, esperar na fila é quase uma certeza, mas eu acho que vale à pena.
Comer moqueca em Salvador
Fila de espera na porta – pelo menos o restaurante fica em frente ao mar
Já chegamos a esperar cerca de 40 minutos na fila, de pé, do lado de fora, porque a sala de espera também estava lotada.
Tudo bem que esperar não foi nenhum grande sacrífico, pois apesar de ser janeiro nesta ocasião, e das fortes temperaturas do verão soteropolitano o mar nos enviou uma brisa que refrescava tudo e tornou a espera com a vista linda de um mar azul, agradável e rápida.
Já houve momento em que esperamos na sala de espera, quase confortavelmente instalados, tomando uma cerveja gelada, uma água de coco, enquanto aguardávamos uma mesa.
Sim, enquanto espera-se por uma mesa, podemos pedir uma entrada e/ou uma bebida. Sem dúvida alguma torna a espera mais agradável!
Vamos ao que interessa: a comida
Como entrada, costumamos pedir casquinha de siri (R$18,90) e caldo de sururu (R$16,90). Ambos são sempre deliciosos! A respeito da casquinha minha única crítica é que gosto quando ela é servida com farofa de dendê, o que não acontece no Ki-Muqueca.
Comer moqueca em Salvador
Casquinha de siri
Comer moqueca em Salvador (
Caldo de sururu
Eu adoro especialmente moqueca de siri-mole, mas como é difícil encontrar alguém que me acompanhe, geralmente pedimos a moqueca de camarão: maravilhosa, cheirosa, borbulhante servida na panela de barro.
Os acompanhamentos são: arroz branco, pirão, farofa de dendê e feijão fradinho. É possível pedir para trocar algum deles e normalmente substituímos o arroz branco por mais pirão ou fradinho.
Comer moqueca em Salvador
Uma deliciosa e fumegante moqueca
Os restaurantes onde comer moqueca em Salvador variam os acompanhamentos. Há locais, por exemplo, que servem caruru.
Uma boa pimenta baiana sempre dá o toque final.
Quando estamos somente Léo e eu, nós pedimos entradas e uma moqueca individual (R$71,40 a de camarão) para nós dois. Quando estamos em três pedimos a moqueca inteira (R$125,90 a de camarão).
Para sobremesa outra opção de praxe: cocada mista (preta + branca – R$13,50) com café: casamento mais que feliz, perfeito, eu diria.
Cocada mista com café
Resumo desta deliciosa ópera cheinha de tempero baiano: quer comer moqueca em Salvador?! Vá ao Ki-Mqueca! Com certeza um dos lugares que levamos nossos amigos quando eles querem comer moqueca em Salvador.
Informações adicionais
Endereço: Av. Octávio Mangabeira, 136
Horários de funcionamento: Segunda a Sábado: 11:30 – 22:00
Domingos: 11:30 – 17:00
Há também outros pratos que não são feitos com dendê como os ensopados, por exemplo, além de carnes e aves para os não adeptos ou alérgicos a frutos do mar.
Este texto não é fruto de parceria de qualquer natureza, sendo bem ao contrário disso, resultado apenas de nossas escolhas e gostos pessoais.