Yakuza: A origem e a história da máfia japonesa

A Yakuza, conhecida como a máfia japonesa, é uma das organizações criminosas mais emblemáticas e enigmáticas do mundo. Sua história remonta ao período Edo (1603-1868), quando grupos marginais começaram a surgir no Japão. Diferente de outras máfias globais, a Yakuza possui uma relação complexa com a sociedade japonesa, misturando atividades ilegais com ações que reforçam valores tradicionais e até beneficência.

Vamos explorar a origem, os símbolos, as regras e a influência dessa organização que moldou parte da cultura japonesa.


Qual é a origem da Yakuza?

A Yakuza tem suas raízes em dois grupos marginais do período Edo:

  1. Bakuto (jogadores): Promoviam jogos de azar ilegais.
  2. Tekiya (vendedores ambulantes): Vendiam mercadorias de qualidade duvidosa em mercados e festivais.

Ambos os grupos eram marginalizados pela sociedade, mas desenvolveram códigos de conduta que garantiam a lealdade entre seus membros. Com o passar do tempo, essas organizações se estruturaram hierarquicamente e expandiram suas atividades, dando origem à Yakuza moderna.

O termo “Yakuza” vem do jogo de cartas japonês oicho-kabu. Uma combinação de cartas com valores 8 (ya), 9 (ku) e 3 (za) resulta na pontuação mais baixa possível — simbolizando “perdedores” ou “rejeitados”. Isso reflete as origens humildes e marginais desses grupos.


Evolução da Yakuza

Durante o período Meiji (1868-1912), a modernização do Japão levou à expansão das atividades da Yakuza. Eles se envolveram em extorsão, tráfico de drogas, prostituição e outros crimes. No entanto, também atuavam como uma espécie de “guardiões” comunitários, oferecendo proteção e mantendo uma imagem de defensores dos mais fracos.

A partir do século XX, a Yakuza se tornou uma rede sofisticada de grupos hierárquicos, cada um liderado por um oyabun (chefe), com os kobun (subordinados) abaixo dele. Essa estrutura é inspirada no bushido, o código dos samurais, que valoriza lealdade, honra e obediência.


Símbolos da Yakuza e seus significados

A Yakuza é conhecida por símbolos únicos que refletem sua identidade e tradições:

1. Tatuagens (Irezumi):

As tatuagens são um dos elementos mais icônicos associados à Yakuza. Geralmente cobrindo grandes áreas do corpo, elas apresentam imagens ricas em simbolismo, como:

  • Dragões: Representam poder e sabedoria.
  • Carpas: Simbolizam coragem e perseverança.
  • Flores de cerejeira: Refletem a transitoriedade da vida.

Essas tatuagens são feitas em estilo tradicional japonês, utilizando métodos dolorosos e demorados, o que demonstra a resistência e o compromisso do membro com o grupo.

2. Yubitsume (Corte do dedo):

O yubitsume é o ato de cortar a ponta de um dedo, geralmente o mínimo, como forma de penitência por erros graves ou desrespeito à hierarquia. Essa prática simboliza submissão e lealdade ao grupo, além de funcionar como um lembrete permanente do compromisso com a organização.


Regras da Yakuza

A Yakuza segue um rígido código de conduta, que enfatiza:

  • Lealdade: A organização está acima de tudo, até mesmo da família do membro.
  • Obediência: Todos devem seguir as ordens do oyabun sem questionar.
  • Sigilo: Informações internas nunca devem ser compartilhadas com forasteiros.

Embora sejam uma organização criminosa, a Yakuza tradicionalmente proíbe atos que prejudiquem pessoas comuns ou inocentes, mantendo certa moralidade que reforça sua imagem de “protetores”.


Quem pode entrar na Yakuza?

A entrada na Yakuza é restrita e envolve um rigoroso processo de seleção. Historicamente, os recrutados eram:

  • Indivíduos marginalizados, como os burakumin (classe social historicamente discriminada).
  • Pessoas com passados criminosos.

A iniciação inclui uma cerimônia de juramento, onde o novo membro promete fidelidade ao grupo e ao oyabun. Apenas homens fazem parte da Yakuza, embora haja registros raros de mulheres, como Nishimura Mako, que conseguiu completar o ritual de entrada.


A Yakuza hoje: desafios e influência

Nas últimas décadas, a Yakuza enfrentou pressões crescentes do governo japonês, que aprovou leis rigorosas contra o crime organizado nos anos 1990. Essas medidas incluem:

  • Confisco de bens: Para limitar o poder econômico da Yakuza.
  • Punição de empresas: Qualquer organização que tenha relações comerciais com a Yakuza pode ser penalizada.

Além disso, a concorrência de outras gangues, como as tríades chinesas e os cartéis coreanos, aumentou os conflitos, especialmente em grandes cidades como Tóquio e Osaka.

Mesmo com essas adversidades, a Yakuza mantém uma presença na sociedade japonesa, tanto através de suas atividades ilegais quanto de intervenções em crises, como ajuda às vítimas de desastres naturais.


Comparação com outras máfias

A Yakuza se destaca por sua forte ligação com valores tradicionais japoneses e pelo uso de símbolos culturais, como o irezumi e o yubitsume.

No entanto, em termos de violência e alcance global, organizações como a Cosa Nostra (máfia italiana) ou o cartel de Sinaloa (México) são frequentemente consideradas mais perigosas.

O que torna a Yakuza única é sua capacidade de operar quase abertamente no Japão, mantendo uma relação ambígua com a sociedade e até desempenhando papéis de “beneficência” em algumas ocasiões.


Conclusão

A Yakuza é muito mais do que uma máfia criminosa. Suas raízes históricas, símbolos culturais e rígidas regras de conduta a tornam uma organização complexa, com uma influência que vai além do crime organizado.

Embora enfrentem desafios no mundo moderno, os membros da Yakuza ainda carregam os traços de suas origens no período Edo, misturando tradições e códigos de honra com atividades ilegais.

Quer saber mais sobre máfias e organizações históricas? Saiba mais sobre as sociedades secretas que moldaram o mundo!