Somniosus Microcephalus Tubarão-da-Groenlândia

O tubarão-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus) é um dos peixes cartilaginosos mais fascinantes e misteriosos, conhecido por ser o vertebrado com a maior longevidade. Pertencente à família Somniosidae, dos tubarões-dorminhocos, e à ordem Squaliformes, que também inclui o peixe-cão, essa espécie habita principalmente as águas frias do Oceano Ártico e do Atlântico Norte, com uma distribuição que se estende da Baía de Baffin, no Canadá, até o Mar de Barents, na Rússia. Além disso, também pode ser encontrada ao sul, no Mar do Norte e nas águas ao longo da costa leste dos Estados Unidos.

Somniosus Microcephalus Tubarão-da-Groenlândia

Características Gerais

O tubarão-da-Groenlândia é uma das maiores espécies de tubarões, podendo atingir até 7 metros de comprimento e pesar mais de 1.000 kg. No entanto, a maioria dos indivíduos observados varia entre 2 e 4 metros de comprimento. Sua aparência robusta é caracterizada por um focinho arredondado, nadadeiras pequenas em relação ao tamanho do corpo e uma coloração que varia do cinza ao marrom. Diferente de outros tubarões como o peixe-cão, o tubarão-da-Groenlândia não possui espinhos à frente das nadadeiras dorsais.

Longevidade e Reprodução

Este tubarão é notável por sua longevidade, sendo o vertebrado mais antigo conhecido. Estudos baseados em datação por radiocarbono dos núcleos das lentes dos olhos sugerem que alguns indivíduos podem viver mais de 500 anos. Acredita-se que as fêmeas atinjam a maturidade sexual somente após 150 anos, quando ultrapassam os 4 metros de comprimento. O tubarão-da-Groenlândia é ovovivíparo, ou seja, os ovos permanecem no interior do corpo da mãe até a eclosão, e produz uma média de 10 filhotes por vez. Pouco se sabe sobre os cuidados parentais, mas presume-se que, como outras espécies de tubarões, os jovens sejam independentes desde o nascimento.

Habitat e Comportamento

Geralmente encontrados em águas profundas e frias, os tubarões-da-Groenlândia podem habitar regiões que variam da superfície do mar até profundidades de 2.200 metros. São conhecidos por se moverem lentamente, com uma velocidade média de apenas 3 km/h. Essa espécie é carnívora e possui uma dieta diversificada que inclui peixes, outros tubarões menores, enguias, linguados, e até aves marinhas. Além disso, já foram encontrados restos de mamíferos terrestres, como cavalos e renas, em suas análises estomacais, provavelmente oriundos de animais que caíram na água através do gelo.

Relação com os Humanos

Apesar de sua aparência intimidadora, os tubarões-da-Groenlândia raramente representam uma ameaça aos seres humanos. Eles vivem em regiões onde a presença humana é mínima, o que reduz as chances de encontros. O único relato conhecido de um possível ataque data de 1859. Historicamente, essa espécie foi valorizada pelo óleo de seu fígado, que pode render cerca de 114 litros de óleo por animal. No entanto, a carne do tubarão-da-Groenlândia é tóxica devido a substâncias que afetam o sistema nervoso, necessitando ser tratada de maneira especial para consumo.

Estado de Conservação

O tubarão-da-Groenlândia é considerado quase ameaçado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Durante os séculos XIX e XX, a pesca comercial dessa espécie foi intensa devido à demanda por óleo de fígado, com até 30.000 tubarões sendo capturados anualmente no início dos anos 1900. Hoje, a pesca é significativamente menor, com menos de 100 indivíduos sendo capturados anualmente para subsistência no Ártico e cerca de 1.200 sendo capturados acidentalmente por embarcações pesqueiras.

Curiosidades

Uma característica notável do tubarão-da-Groenlândia é a presença de parasitas conhecidos como copépodes que se fixam em seus olhos, alimentando-se do tecido ocular. Apesar de possivelmente causarem cegueira, isso não parece ser um grande problema para a sobrevivência do tubarão, já que ele depende mais de outros sentidos, como o olfato, para caçar.

Em resumo, o tubarão-da-Groenlândia não é apenas um dos peixes mais longevos, mas também um dos mais enigmáticos, com uma história evolutiva e biológica que continua a intrigar cientistas e entusiastas. As descobertas sobre essa espécie podem fornecer informações valiosas sobre o envelhecimento e a adaptação a ambientes extremos.