ORIXAS FEMININAS

Orixas Femininas nas religiões afro-brasileiras: força e simbolismo de orixás são adaptadas à nova realidade social no Brasil

Escrever sobre as religiões afro-brasileiras necessita retomar a história da África e da diáspora negra dos escravos que vieram para o Brasil a partir do século XVI. Diversos grupos que aqui se estabeleceram trouxeram suas mais diferentes culturas, como a religiosidade. Na pátria nativa, a África, as várias tribos tinham religiosidades e cultos a entidades específicas. Cultuavam principalmente entidades domésticas, ancestrais familiares e tribais daquele determinado grupamento. Com as lutas entre as tribos, quando grupos inteiros eram escravizados, os casamentos e contatos entre as mesmas, alguns cultos e entidades se sobrepunham a outras, atravessando as fronteiras tribais e sendo cultuadas em várias regiões.

De acordo com Cristiane Amaral de Barros, assistente social, mestre em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora e estudiosa das religiões afro-brasileiras (Orixas Femininas), a importância feminina nas sociedades tribais africanas era grande e, por isso, eram cultuadas tanto entidades ancestrais masculinas quanto femininas. Havia também o culto a terra, daí a presença mais forte de cultos ao feminino, já que o feminino historicamente esteve relacionado ao poder gerador e de fertilidade. As entidades cultuadas são chamadas orixás e representam potência da natureza, força presente no ar, nas matas, na água, que se irradiam e não são materializadas. Fazem a mediação entre o Deus Supremo e os homens.

Orixás Femininas
Orixás Femininas

A grande maioria dos orixás cultuados não sobreviveu à diáspora africana para o Brasil e alguns mudaram seu sentido de acordo com a realidade que os africanos encontraram por aqui. Passaram principalmente a ter um viés guerreiro, pelas difíceis e desumanas condições de vida e trabalho dos escravos. Dessa forma, a religião foi uma maneira de manter raízes, elo de pertença e sobrevivência, mais do que a própria língua, lembra Cristiane. “As religiões e manifestações afro foram se organizando, adaptando-se e se configurando a uma outra realidade, não havendo mais uma religião ‘pura’, apenas africana, no Brasil, mas afro-brasileira, com maior ou menor influência de outras manifestações religiosas, como o catolicismo, o espiritismo kardecista e cultos ameríndios, como a pajelança”.

As principais religiões afro-brasileiras Orixás Femininas

Atualmente, no Brasil e especialmente na região Sudeste, predominam os terreiros de Umbanda e Candomblé. O Candomblé tem um viés mais tradicional, predominando no culto à língua da nação africana presente naquele terreiro. Através da dança e da presença do orixá, ele transmite o axé, a energia vital. A Umbanda já tem forte influência de três grandes matrizes religiosas e de sentido: africana, católica e kardecista. Os orixás são associados a santos ou espíritos, mas estes não descem, e sim vibram e prestam assistência aos fiéis através de pessoas com mediunidade, filhos ou filhas de santo. Há presença de entidades nacionais, como preto velho/preta velha, baiano, ciganos, boiadeiro, caboclos/caboclas e juremas. Nas religiões afro-brasileiras, o universo se divide em duas formas: Aiyê (plano material) e Orum (plano sobrenatural). O contato entre estes dois mundos acontece pelas oferendas e sacrifícios, e quem abre caminho para isso é o orixá Exu.

Cristiane ressalta que no início da tradição de incorporação dos terreiros no Brasil, quem incorporava era a mulher (Orixas Femininas). “A mediunidade de incorporação era compreendida como um atributo feminino, mas com o passar do tempo e entrada de novos valores culturais e religiosos no culto, bem como a maior presença de adeptos, mulheres, homens, negros e brancos, a incorporação não distingue mais gênero”.

Entidades da Umbanda Femininas

Dos cerca de 400 orixás originários na África, apenas 12 ou 13 são cultuados no Brasil. Quase a metade é feminina. Na Umbanda, destacam-se Iemanjá, Oxum, Nana Boroquê, Iansã/Oyá e as Pombagiras. Iemanjá representa a vibração das águas salgadas, os grandes oceanos, e também a água doce. Oxum, a vibração das águas doces e cachoeiras. Nana Boroquê é a orixá anciã, a lama primordial que gera a vida. Iansã/Oyá é a mais sensual e guerreira das orixás, e representa a vibração das tempestades e raios. Já a Pomba-gira é um Exu feminino, orixá mensageiro, altamente vibrante e o mais próximo do plano terrestre e, por isso, mais passional. “Nas religiões afro-brasileiras, nada se faz sem um Exu, e com a mesma facilidade que abre caminhos ele os fecha. É o primeiro a se fazer oferenda, protege, defende, mas cobra o que lhe é prometido”, segundo Cristiane.

Em sua dissertação de mestrado, “Iemanjá e Pomba-gira: imagens do feminino na Umbanda”, a pesquisadora analisou as imagens do feminino de Iemanjá e Pomba-gira na Umbanda, mulheres femininas, exemplos de força, poder, coragem e detentoras de atributos altamente significativos da sexualidade feminina. Na primeira, a maternidade explícita; na segunda, a sexualidade pulsante.

Iemanjá

Segundo os mitos africanos sobre Iemanjá, ela representa o grande poder criador feminino, dando origem a todos os orixás e seus descendentes terrenos, os homens. Nos cultos africanos, é representada em esculturas como uma mulher negra, de ancas largas e seios fartos. No entanto, como uma figura marinha, é ambivalente. Ao mesmo tempo em que é mãe e propiciadora de peixe e pesca farta aos pescadores, é sereia sedutora, sensual e mortal. “Em termos simbólicos, Iemanjá é a grande representante do terrível poder feminino de geração e destruição, de morte e vida”.

Iemanjá é a divindade mais popular dentre os orixás cultuados nos terreiros umbandistas da atualidade e, aqui, sua imagem foi sendo moldada. Inclusive, é a única divindade africana a ter uma representação exclusiva, os demais orixás tiveram suas imagens aos poucos transmutadas em figuras de santos católicos. Invocada e reverenciada, foi assimilada a Nossa Senhora católica e seu culto disseminou-se por todo o Brasil, mas sua imagem mítica não é a da Virgem Maria. É uma imagem única, uma moça branca, linda, jovem, com vestido azul, sensual e com cabelos longos e lisos que sai à superfície do mar exalando luminosidade, um misto de Vênus de Botticelli e Sereia europeia, apesar de não ser uma figura sexualizada, erótica, e sim detentora de uma beleza pura e distante. Tal imagem foi criada pela Umbanda e disseminou-se pelos terreiros e por toda a sociedade. É consagrada como grande símbolo da mulher e mãe, que cuida e protege seus filhos, exaltada pelo mito de sua fertilidade e maternidade, propiciadora de vida. Assumindo qual forma seja, “é o poder feminino que se exalta. No panteão umbandista, Iemanjá comanda, ao lado de Oxalá, a ala hierarquicamente superior, evoluída e ‘de luz’, enquanto orixá máximo”.

Exu Pomba-gira

A Pomba-gira é o contraponto feminino de Iemanjá, é um Exu. Os Exus no universo religioso afro-brasileiro talvez sejam os que mais têm semelhanças com os seres humanos em termos de paixões, virtudes e vícios. Assim, foram associados ao mal e ao diabólico, com forte contribuição e influência da ideologia e doutrina católicas. A Pomba-gira exala sexualidade, sedução, arrogância, agressividade, despudor e transgressão. “É o símbolo da contestação, da mulher sexualmente livre, rebelde e perigosa”. Cristiane afirma que a literatura acadêmica diz que a Pomba-gira teria sua gênese em terreiros umbandistas do Rio de Janeiro da década de 1960 e depois foi exportada para o Candomblé e outras religiões afro-brasileiras. Já a literatura religiosa diz que a orixá era uma prostituta que, ao morrer, virou amante de um Exu. No culto, a Pomba-gira se manifesta como mulher sedutora, extravagante e rindo muito alto. Atende mulheres e homens sobre problemas de amor, sexualidade e dinheiro. Sempre foi tida como perigosa, mostrando o viés conservador e machista da sociedade. Podia até fazer uma mulher ficar “perdida”, ao mesmo tempo em que era necessário estar perto da mulher para trazer força e sensualidade, sendo controlada. A Umbanda entende que as entidades trabalham para o bem e ao fazerem isso também se ajudam. No caso dos Exus, Pomba-gira inclusive, eles vêm aos terreiros para ajudar os fiéis e como uma forma de também serem doutrinados.

Entretanto, Cristiane afirma que hoje a Pomba-gira não é tida como prostituta, mas uma mulher de luta, forte, corajosa, senhora de seus desejos, que se expressa e não se subordina ao poder masculino. Isso é resultado das mudanças sociais das últimas décadas, com a conquista de espaços da mulher na sociedade. Mesmo assim, ela ainda é forte e temida. A imagem da Pomba-gira, assim como de Iemanjá, também mudou. “Há que apontar que, em termos de imagem atual de um Feminino, a Umbanda da atualidade propõe um ideal de mulher misto de Iemanjá e Pomba-gira, por se completarem. A mulher, para ser plena, necessita da doçura, da suavidade, da maternalidade de Iemanjá e também da garra, determinação, coragem e um tanto do atrevimento de Pomba-gira. Ambas são fortes, guerreiras e poderosas. Mas de modos diferenciados de luta. Caberia à mulher assumir esses atributos e saber escolher como e quando usá-los”.

Tanto em relação à Iemanjá e à Pomba-gira, observa-se que, para afirmar-se socialmente e ser aceita enquanto religião de brancos, a Umbanda distanciou-se no culto às representações mais africanizadas, como no culto às deusas e seus mitos de grande vigor e sexualidade. Mesmo assim, apesar de toda a influência de outros cultos e doutrinas religiosas e adaptações a normas e expectativas sociais, Cristiane diz que as religiões afro-brasileiras ainda sofrem muito preconceito no Brasil. “Há menosprezo, preconceito, medo, desconhecimento e desrespeito por parte de outras religiões e da sociedade. O diálogo inter-religioso ainda é uma utopia”.

Yabás (Orixás Femininas): A Profunda Essência das Orixás Femininas na Cultura Afro-Brasileira

Em todos os cantos do Brasil, a rica tapeçaria da cultura afro-brasileira floresce, e as Yabás (Orixás Femininas) – orixás femininas – têm um papel central nesse mosaico espiritual. Essas entidades divinas desempenham funções fundamentais na cosmologia das religiões afro-brasileiras, com histórias, poderes e características únicas.

O Significado Profundo das Yabás (Orixás Femininas)

Yabás (Orixás Femininas) são as divindades femininas dentro da religião dos orixás. Representam forças da natureza, aspectos do cotidiano e virtudes humanas. Cada Yabá tem um domínio específico, e, através de rituais, oferendas e cânticos, os seguidores estabelecem uma conexão direta com essas poderosas entidades.

Iansã – A Senhora dos Ventos e Tempestades

Iansã é a orixá que comanda os ventos, tempestades e relâmpagos. Dotada de uma personalidade forte e guerreira, ela é frequentemente invocada para proteção contra inimigos e forças negativas. Iansã também representa a capacidade de transformação e renovação.

Oxum – A Protetora dos Rios e do Amor

Deusa dos rios e cachoeiras, Oxum é a patrona da fertilidade, do amor e da beleza. Seus seguidores a buscam para bênçãos relacionadas à maternidade, ao romance e à prosperidade em geral.

Nanã – A Matriarca Ancestral

Como a mais antiga das orixás femininas, Nanã representa o ciclo da vida e a morte. Ela governa os pântanos e lama, e é frequentemente associada à sabedoria que vem com a idade e experiência.

A Importância dos Rituais e Oferendas

Para estabelecer uma relação com as Yabás (Orixás Femininas), é essencial entender a importância dos rituais e oferendas. Cada orixá feminina tem suas preferências em termos de cores, alimentos, flores e outros elementos que são oferecidos em rituais específicos para invocar sua presença e bênçãos.

A Integração das Yabás (Orixás Femininas) na Sociedade Brasileira

Ao longo dos séculos, a influência das Yabás (Orixás Femininas) estendeu-se além dos limites dos terreiros e candomblés. Elas se tornaram ícones culturais e são frequentemente referenciadas em músicas, literatura e artes visuais.

Festas e Celebrações

Em várias partes do Brasil, especialmente no Nordeste, as festas em homenagem às Yabás (Orixás Femininas) são eventos anuais significativos. Eles atraem milhares de visitantes e são uma mistura vibrante de ritual, música, dança e alegria.

Yabás (Orixás Femininas) na Cultura Popular

De novelas a canções populares, as Yabás (Orixás Femininas) têm sido uma fonte de inspiração para artistas brasileiros. Elas simbolizam a resistência, o poder e a graça feminina em face dos desafios.

O Fascinante Mundo dos Orixás Femininos: As 8 Deidades Mais Reverenciadas

Os orixás, entidades divinas da religião afro-brasileira, desempenham um papel crucial na espiritualidade e na cultura brasileira. Entre eles, existem orixás femininos que são particularmente reverenciados. Vamos mergulhar na história e nas características dessas poderosas divindades.

1. Oxum: A Senhora das Águas Doces

Oxum, rainha dos rios e cachoeiras, é associada à fertilidade, ao amor e à riqueza. Seu culto está ligado à doçura e ao poder da mulher. Ela é frequentemente representada com um espelho e um leque, simbolizando a beleza e a vaidade.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Água doce, rios e cachoeiras.
  • Saudação: Ora yê yê ô!
  • Cor: Dourado ou amarelo.
  • Dia da Semana: Sábado.

2. Iansã: A Rainha dos Ventos

Iansã é uma guerreira poderosa, senhora dos ventos e tempestades. Conhecida por sua paixão e poder, ela também é a guia dos espíritos dos mortos.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Vento e tempestades.
  • Saudação: Epahey Oyá!
  • Cor: Vermelho e marrom.
  • Dia da Semana: Quarta-feira.

3. Iemanjá: A Mãe das Águas Salgadas

Protetora dos pescadores e navegantes, Iemanjá é a rainha do mar. Representa a maternidade e a criação, sendo muitas vezes vista como a mãe de todos os orixás.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Mar.
  • Saudação: Odoyá!
  • Cor: Azul claro.
  • Dia da Semana: Sábado.

4. Obá: A Guerreira das Águas Turvas

Uma das esposas de Xangô, Obá é associada aos rios turbulentos. Representa a luta e o poder feminino em sua forma mais bruta.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Rios turbulentos.
  • Saudação: Obá Siré!
  • Cor: Rosa e branco.
  • Dia da Semana: Quarta-feira.

5. Nanã: A Anciã Primordial

Deusa das águas paradas e do lodo, Nanã é a orixá da morte e da vida. Ela é a mais velha dos orixás, representando a sabedoria e a ancestralidade.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Águas paradas e lodo.
  • Saudação: Saluba Nanã!
  • Cor: Roxo e branco.
  • Dia da Semana: Terça-feira.

6. Ewá: A Senhora do Desejo

Ewá é a divindade dos olhos, da vidência e da clarividência. Está associada à magia e ao poder da sedução.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Espelhos e reflexos.
  • Saudação: Ri Ro Ewá!
  • Cor: Vermelho e coral.
  • Dia da Semana: Quinta-feira.

7. Oiá-Tempo: A Guardiã dos Mistérios

Esta é uma forma rara e pouco conhecida de Iansã. Oiá-Tempo governa os mistérios mais profundos e é considerada uma das formas mais poderosas de Orixá.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Tempo e segredos.
  • Saudação: Oyó!
  • Cor: Marrom escuro.
  • Dia da Semana: Terça-feira.

8. Logunedé: A Jovem Caçadora

Filha de Oxum e Oxóssi, Logunedé é uma orixá guerreira que combina características masculinas e femininas. É tanto caçadora quanto pescadora, unindo os reinos da floresta e do rio.

Características e Simbolismo

  • Elemento: Floresta e rios.
  • Saudação: Logun Edé!
  • Cor: Azul e amarelo.
  • Dia da Semana: Quinta-feira.

Conclusão

As Orixas Femininas (Yabás (Orixás Femininas)), com sua rica tapeçaria de histórias e influências, permanecem uma parte vital da espiritualidade e cultura brasileira. Ao honrar estas divindades femininas, os brasileiros não apenas se conectam com o divino, mas também celebram a rica herança e diversidade da nação. As Yabás (Orixás Femininas) são testemunho da profundidade, complexidade e beleza da cultura afro-brasileira.

Os Orixás femininos são entidades poderosas que carregam consigo a força, a sabedoria e o poder do feminino. Reverenciá-los é entender a importância da mulher no universo espiritual e no mundo físico. Por meio do entendimento e do respeito a essas deidades, podemos nos conectar mais profundamente com a essência da feminilidade e com os mistérios do universo.