Nicolau II da Rússia

Nicolau II da Rússia (1868-1918) foi o último czar da Rússia, governando de 1894 até sua abdicação em 1917. Ele foi o derradeiro soberano da dinastia Romanov, que governou o país por mais de 300 anos. Seu reinado foi marcado por tensões internas, fracassos militares e o crescimento de movimentos revolucionários que culminaram na Revolução Russa e no fim do regime czarista. Nicolau II, sua esposa, a czarina Alexandra Feodorovna, e seus cinco filhos foram assassinados pelos bolcheviques em 1918, selando o trágico destino da família imperial.

Nicolau II da Rússia Início da Vida e Formação

Nicolau II da Rússia ou Nicolau Alexandrovitch Romanov nasceu em 18 de maio de 1868, no Palácio de Tsarskoye Selo, próximo a São Petersburgo, na Rússia. Ele era o filho mais velho do czar Alexandre III e da imperatriz Maria Feodorovna (nascida princesa Dagmar da Dinamarca). Sua educação foi supervisionada por tutores particulares e incluiu treinamento militar e estudos em diplomacia. Embora tenha viajado extensivamente pela Europa para se preparar para o trono, Nicolau não se sentia preparado para assumir as responsabilidades de governar um vasto império.

Ascensão ao Trono e Casamento

Em 1894, após a morte de seu pai, Nicolau ascendeu ao trono da Rússia. No mesmo ano, ele se casou com a princesa Alix de Hesse, neta da rainha Vitória do Reino Unido, que se converteu à Igreja Ortodoxa Russa, adotando o nome de Alexandra Feodorovna. O casal teve cinco filhos: Olga, Tatiana, Maria, Anastásia e Alexei. Este último sofria de hemofilia, o que gerou uma grande angústia para a família e um intenso apego de Alexandra ao místico Rasputin, que alegava ter poderes curativos sobre o menino.

O Governo de Nicolau II

Nicolau II seguiu o modelo de governança autocrática de seus antecessores, governando com mão firme, sem vontade de abrir mão do poder para reformas políticas. Durante seu reinado, a Rússia enfrentou profundas tensões internas, causadas pela desigualdade social, pobreza e a insatisfação da população trabalhadora. A repressão e o controle estatal eram severos, especialmente sobre as minorias étnicas e religiosas. Os judeus, por exemplo, sofreram intensos pogroms, como o massacre de Kishinev em 1903.

Domingo Sangrento e a Revolução de 1905

O estopim para as revoltas populares foi o Domingo Sangrento, ocorrido em 22 de janeiro de 1905. Uma manifestação pacífica de trabalhadores em São Petersburgo foi brutalmente reprimida pelas tropas czaristas, resultando em centenas de mortes. O evento gerou uma onda de protestos e greves por toda a Rússia, levando Nicolau II a ceder parcialmente. Ele promulgou o Manifesto de Outubro, que prometia liberdades civis e a criação de uma Duma (parlamento), marcando o início de uma “monarquia constitucional”. No entanto, na prática, o czar manteve grande parte de seu poder e limitou o papel da Duma, frustrando as expectativas populares.

A Primeira Guerra Mundial e o Colapso do Império

A Primeira Guerra Mundial foi um desastre para a Rússia sob o comando de Nicolau II. A entrada do país no conflito em 1914 agravou os problemas econômicos e sociais. As derrotas militares e a má gestão da guerra levaram à escassez de alimentos e a inflação galopante. Em 1915, numa tentativa desesperada de retomar o controle, Nicolau assumiu o comando direto do exército, deixando o governo nas mãos de Alexandra, que passou a confiar cada vez mais nos conselhos de Rasputin. Esse período alimentou ainda mais a insatisfação popular e minou a legitimidade da monarquia.

Revolução de Fevereiro e Abdicação

Com o agravamento da crise social e econômica, as tensões explodiram em 1917. No dia 12 de março, começou a Revolução de Fevereiro, que viu operários e soldados se unindo em greve e protestos contra o regime. Sem o apoio do exército e sob crescente pressão popular, Nicolau II foi forçado a abdicar em 15 de março de 1917, encerrando mais de 300 anos de governo da dinastia Romanov. Ele tentou passar o trono para seu irmão, Grão-Duque Miguel, que, no entanto, recusou.

Nicolau II da Rússia Exílio e Assassinato

Após sua abdicação, Nicolau e sua família foram colocados sob prisão domiciliar. Inicialmente mantidos em Tsarskoye Selo, foram depois transferidos para Tobolsk, na Sibéria, e finalmente para Ekaterinburgo, nos Urais, sob a supervisão dos bolcheviques. Em julho de 1918, com o avanço das forças anti-bolcheviques na região, os líderes revolucionários decidiram executar toda a família imperial para evitar sua possível libertação.

Na madrugada de 17 de julho de 1918, Nicolau II, Alexandra, seus cinco filhos e alguns servos leais foram levados para o porão da casa onde estavam sendo mantidos e fuzilados por um pelotão de execução. Suas mortes marcaram o fim definitivo da autocracia russa e simbolizaram o início da nova era soviética, sob o comando de Vladimir Lenin.

Descoberta dos Restos Mortais e Canonização de Nicolau II da Rússia

Em 1991, os restos mortais de Nicolau II, Alexandra e três de seus filhos foram descobertos em uma floresta perto de Ekaterinburgo e, em 1998, foram finalmente sepultados na Catedral de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo. Em 2000, Nicolau II e sua família foram canonizados pela Igreja Ortodoxa Russa, reconhecidos como mártires pela fé e pela injustiça de suas mortes.

Legado de Nicolau II da Rússia

Nicolau II é lembrado como um líder tímido e indeciso, incapaz de responder às grandes transformações sociais e políticas que ocorriam na Rússia e no mundo. Seu apego ao poder absoluto e sua relutância em adotar reformas significativas contribuíram para o colapso do império e o surgimento da Revolução Russa. Embora tenha sido uma figura trágica, sua vida e morte continuam a ser objeto de intenso debate e interesse histórico, principalmente por conta de sua ligação com o fim da monarquia na Rússia e o nascimento da União Soviética.