Biografias Maria Quitéria
Nome: Maria Quitéria de Jesus
Local e ano do nascimento: São José de Itapororocas – BA 1792(?)
Local e ano do falecimento: Salvador – BA, 1853
Maria Quitéria nasceu em 1792, no sítio do Licorizeiro, no arraial de São José de Itapororocas na Bahia. Filha primogênita de Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus, Maria Quitéria só foi batizada em 27 de julho de 1798.
Aos dez anos ficou órfã de sua mãe e assumiu a responsabilidade de cuidar da casa e de seus dois irmãos, mas cinco meses após o falecimento, seu pai casou-se com Eugênia Maria dos Santos. O relacionamento de Eugênia com os filhos de seu marido foi amigável, mas curto, pois logo faleceu.
Com esse novo falecimento, seu pai vendeu o sítio e comprou a fazenda Serra da Agulha a 80 Km de Cachoeira. Como criador de gado e produtor de algodão, Gonçalo viu seus negócios prosperarem e casou-se pela terceira vez, com Maria Rosa de Brito, tendo mais três filhos.
Com temperamentos antagônicos, Quitéria e sua madrasta não se entendiam e para evitar maiores conflitos, Maria Quitéria passava a maior parte do dia no mato, caçando passarinhos com bodoque e armando arapucas. Quitéria também montava cavalos e usava armas de fogo.
Em 1822, o movimento pró-independência enviou mensageiros no intuito de arranjar dinheiro e voluntários para as tropas. A fazenda Serra da Agulha foi visitada, mas Gonçalo não colaborou. No entanto, Quitéria, com 30 anos, animou-se com a causa da independência e pediu ao pai que permitisse seu alistamento, que foi prontamente negado.
Sem desistir da ideia, Maria Quitéria foi para casa de sua irmã Teresa e de seu cunhado, José Cordeiro de Medeiros e com a ajuda deles, cortou o cabelo e vestiu-se de homem e foi para Cachoeira, onde se alistou com o nome de Medeiros no Batalhão dos Voluntários do Príncipe, chamado de Batalhão dos Periquitos, por causa dos punhos e da gola verde de seu uniforme.
O disfarce de Quitéria durou somente duas semanas. Seu pai que andava a sua procura revelou-lhe a verdadeira identidade, mas o major Silva e Castro não permitiu que ela fosse desligada.
Com sua facilidade em manejar armas e sua bravura, Quitéria se destacou nos combates recebendo o posto de 1º cadete em 28 de março de 1823. Em 2 de julho, o Exército Libertador chegou a Salvador e ela foi aclamada pela população.
Escolhida para levar a comunicação da vitória ao imperador D. Pedro I, Maria fez sua primeira viagem de navio e em 19 dias chegou ao Rio de Janeiro. No dia 20 de agosto de 1823 foi recebida em uma audiência especial, onde recebeu das mãos do imperador a medalha de “Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro” e um o soldo vitalício de alferes. A seu pedido, D. Pedro escreveu uma carta ao pai de Quitéria pedindo que ela fosse perdoada pela desobediência. Em sua estada na corte, encontrou-se com a inglesa Maria Graham que registrou suas impressões sobre a brasileira: “Ela é iletrada, mas inteligente. Sua compreensão é rápida e sua percepção aguda. Penso que, com educação, ela poderia ser uma pessoa notável. Não é particularmente masculina na aparência; seus modos são delicados e alegres. Não contraiu nada de rude ou vulgar na vida de campo”.
Maria Quitéria voltou à Bahia e foi perdoada pelo pai e casou-se com um namorado antigo, o lavrador Gabriel Pereira de Brito, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição. Viveram com simplicidade e após a morte do marido, mudou-se para Feira de Santana, onde tentou conseguir parte da herança do pai que havia falecido em 1834. Não conseguindo receber a herança pela demora no inventário, mudou-se com a filha para Salvador, onde quase cega, faleceu em 21 de agosto de 1853.