Ariano Suassuna

Quem foi Ariano Suassuna?

Ariano Suassuna (1927-2014) foi um dos maiores escritores e dramaturgos brasileiros, conhecido por sua capacidade de unir o erudito ao popular, celebrando as tradições nordestinas através de sua obra. Entre seus trabalhos mais icônicos está “O Auto da Compadecida”, adaptado para a TV e o cinema, e considerado uma das maiores obras da literatura brasileira. Além de escritor, Ariano foi também professor, poeta e advogado, além de idealizador do Movimento Armorial, que valorizava a cultura nordestina como base para a criação artística erudita.


Onde nasceu Ariano Suassuna?

Ariano nasceu em João Pessoa, capital da Paraíba, em 16 de junho de 1927, na época chamada de Nossa Senhora das Neves. Ele era filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, então governador da Paraíba, e de Rita de Cássia Dantas Vilar. Passou parte de sua infância na fazenda Acauhan, no sertão paraibano, onde teve seus primeiros contatos com o folclore e tradições regionais. A morte trágica de seu pai em 1930, durante a Revolução, marcou sua vida e levou a família a se mudar para Taperoá e, mais tarde, para o Recife.


Formação e Início da Carreira Literária

Ariano estudou no Colégio Americano Batista e no Ginásio Pernambucano. Em 1946, ingressou na Faculdade de Direito do Recife, mas seu interesse maior estava no teatro e na literatura. Durante esse período, escreveu sua primeira peça, “Uma Mulher Vestida de Sol” (1947), e fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco com outros jovens artistas. Em 1950, formou-se em Direito e trabalhou brevemente como advogado, mas logo abandonou a profissão para se dedicar integralmente à arte e à docência.


“O Auto da Compadecida” e Outras Obras

Lançado em 1955, “O Auto da Compadecida” é a obra mais conhecida de Suassuna e uma das mais importantes da dramaturgia brasileira. A peça combina humor, crítica social e religiosidade, contando a história de João Grilo e Chicó, dois nordestinos que enfrentam as injustiças sociais e recorrem à intervenção divina para sobreviver. A obra foi adaptada diversas vezes para o teatro, cinema e televisão, ganhando popularidade nacional com a minissérie e o filme lançados nos anos 2000.

Outras obras importantes de Ariano Suassuna:

  • “O Santo e a Porca” (1958)
  • “A Farsa da Boa Preguiça” (1960)
  • “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” (1971)
    Essa última obra, com mais de 700 páginas, é considerada um épico nordestino, misturando lendas populares, mitos e a tradição dos romances de cavalaria.

Frases de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna também ficou famoso por suas frases reflexivas e bem-humoradas, que capturam seu olhar crítico e afetuoso sobre a vida e a cultura brasileira:

  • “Arte para mim é missão, vocação e festa.”
  • “Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e a morte: o riso e o galope do sonho.”
  • “A humanidade se divide em dois grupos: os que concordam comigo e os equivocados.”
  • “O sonho é o que leva a gente para frente. Se seguirmos só a razão, ficamos parados.”

Ariano Suassuna e o Movimento Armorial

Em 1970, Ariano fundou o Movimento Armorial, com o objetivo de criar uma arte erudita a partir das tradições populares nordestinas. A música, o teatro, a literatura e as artes plásticas eram elementos centrais do movimento, que buscava integrar influências do cordel, dos cantadores e das festas populares. A ideia era mostrar que o Nordeste tinha uma cultura rica o suficiente para inspirar arte sofisticada e de alta qualidade, sem precisar copiar modelos estrangeiros.


Família e Filhos de Ariano Suassuna

Ariano Suassuna se casou em 1957 com Zélia de Andrade Lima, com quem teve cinco filhos: Maria, Ana Rita, Isabel, Mariana e Joaquim Suassuna. A família sempre foi um ponto central em sua vida e grande fonte de inspiração para seu trabalho. Suassuna também valorizava a convivência familiar como espaço de transmissão de valores e cultura.


Docência e Aula-Espetáculo

Ariano foi professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) por muitos anos, até sua aposentadoria em 1994. No entanto, ele continuou se dedicando ao ensino e, na década de 1990, popularizou as aulas-espetáculo, uma combinação de palestra, teatro e humor. Nesses encontros, Suassuna discutia temas como cultura, arte e literatura, sempre de forma leve e envolvente, cativando o público com suas histórias e “causos”.


Quando e como Ariano Suassuna morreu?

Ariano Suassuna faleceu em 23 de julho de 2014, aos 87 anos, em Recife, Pernambuco. Ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e, após ser hospitalizado, não resistiu às complicações. Seu falecimento deixou uma grande lacuna na cultura brasileira, mas seu legado literário e artístico continua vivo nas obras que escreveu e nas tradições que ajudou a preservar e difundir.


Legado de Ariano Suassuna

O legado de Ariano Suassuna é profundo e abrangente. Ele não apenas deixou uma vasta produção literária e teatral, mas também ajudou a valorizar e preservar a cultura nordestina em uma época de forte influência cultural estrangeira. A criação do Movimento Armorial é um marco de sua contribuição para a arte brasileira, assim como as adaptações de suas obras, que continuam encantando novas gerações.

Seus livros, como “O Auto da Compadecida” e “Romance d’A Pedra do Reino”, seguem sendo referências na literatura e no teatro, e sua presença continua a ser sentida nas artes e na educação por meio das aulas-espetáculo e de suas ideias sobre a cultura nacional.


Conclusão: Quem foi Ariano Suassuna?

Ariano Suassuna foi um mestre da palavra e da cultura brasileira, capaz de unir tradição e modernidade em suas obras. Com sua escrita marcada pelo humor e pela crítica social, ele transformou a cultura nordestina em arte universal. Como ele mesmo dizia, “A tecnologia pode mudar o mundo, mas é a cultura e a arte que dão alma à nossa existência”. Ariano Suassuna deixou uma herança inestimável para o Brasil e permanece como uma das vozes mais importantes da nossa literatura.