Fim da linha: até o Tibete de trem

Fim da linha: até o Tibete de trem
O escritor Tahir Shah realiza o antigo sonho de viajar de trem de Pequim a Lhasa, a lendária capital do Tibete

Bilhete para a viagem e os intermináveis jogos de cartas a bordo do trem
Oceanos de pessoas, muitas delas segurando sacos cheios de objetos pessoais, avançavam em uma confusão, afastando-se da imensa Estação Oeste de Pequim como se estivessem fugindo de um desastre natural. Mergulhando nesse caldeirão humano, eu nadava contra a corrente, com os braços descontrolados. Depois de um grande esforço, consegui chegar ao portão de embarque do lendário Expresso Lhasa.

Apoiado na grade, esperando para embarcar no trem, eu mal podia acreditar que a viagem que por tanto tempo tinha esperado finalmente estava prestes a começar. Isso pode parecer um clichê, mas Lhasa é um dos últimos destinos míticos que restam no mundo, assim como Timbuktu ou Mandalay. Desde que ouvi falar da inauguração da ferrovia de Pequim a Lhasa, fiquei louco para embarcar nesse trem. Era uma obsessão que começou na infância, ao ler Sete Anos no Tibete, um clássico de Heinrich Harrer. O texto de Harrer pinta um retrato fiel do Tibete, uma terra quase intocada pelo mundo moderno. Sete anos é como uma caixa de objetos antigos descoberta, revelando um modo de vida que mudou irrevogavelmente com a invasão chinesa, 60 anos atrás. Meu velho exemplar, cheio de páginas com a ponta virada, foi enfiado na bagagem. De um modo estranho, a sensação era de que eu o estava levando para casa.

A China moderna é uma terra de tremendas conquistas da engenharia, onde a palavra “impossível” simplesmente não existe. E a cereja do “bolo das maravilhas” é certamente a ferrovia que faz hoje a rota de Pequim à capital tibetana. Conhecida localmente como Kien Liu, a Ferrovia para o Paraíso é motivo de orgulho para os chineses. Mas, ao mesmo tempo, é controversa. O acesso fácil a Lhasa, que os trilhos agora proporcionam aos chineses comuns, ameaça o tecido cultural do Tibete.

De repente, o apito soou e o portão se abriu. Seguiu-se uma luta feroz. Empurrando braços, pernas e bagagens para a frente, um turbilhão de passageiros invadiu a plataforma em direção aos vagões. Por não estar acostumado à histeria frenética das estações de trem chinesas, devo ter sido o último a embarcar.

Um minuto depois de entrar, tudo ficou em silêncio e o trem T27 deslizou para fora da Estação Oeste no horário exato, às 21h30. A maioria dos passageiros eram turistas chineses ansiosos para ver o Tibete, uma província que para eles tornou-se uma espécie de Disneylândia exótica, uma extensão de sua própria terra.

Todos a bordo

Do momento em que o trem deslizou pelos subúrbios de Pequim até o momento da chegada em Lhasa, meus companheiros passageiros movimentaram-se o tempo todo, mastigando noodles preparados em um minuto, fazendo jogos de apostas incessantemente, enviando mensagens de texto pelo celular enlouquecidamente, consumindo garrafinhas de bebida alcoólica e arrotando, fumando um cigarro após o outro nos corredores, empanturrando-se no vagão-restaurante e participando de uma maratona de mahjong (uma espécie de jogo de dominó chinês).

Durante dois dias e duas noites, minha casa foi um vagão com leitos duros. À minha frente estava uma mulher que em nenhum momento eu vi se mexer, coberta da cabeça aos pés com folhas de jornal. Na cama abaixo dela, um velho professor de Xangai, Mr. Ma, disse que a mulher não era confiável. Ele não diria por quê. Em vez disso, passou a maior parte da viagem me perguntando se eu poderia ajudar seu filho a ingressar na Universidade de Cambridge.

Uma viagem de trem é um corte transversal efêmero, uma mistura de detalhes indistintos contra um pano de fundo que vai mudando aos poucos. A China moderna pode ser em grande parte urbana, mas a topografia rural ainda é seu coração. E como é vasto e inflexível esse interior: vistas intermináveis de campos e lagos, vilarejos, florestas e grandes faixas de vazio, reservadas para estranhos rebanhos de carneiros ou cabras.

Perambulei por todo o trem. Passar de um vagão a outro significava obrigar as pessoas sem assento a se levantar, com seus bebês e seus pacotes de bagagem. Mr. Ma disse que as pessoas sem assento eram tibetanas, e acrescentou, sombriamente, que elas também não eram confiáveis.

O meio do trem era uma espécie de terra de ninguém: três vagões de cadeiras duras e uma ruidosa reunião de universitários chineses, noite e dia. Com álcool e hormônios em ebulição, e com seus iPods zumbindo, eles passavam o tempo olhando uns para os outros. Mais adiante ficava o vagão-restaurante, com suas garçonetes ferozes e suas tigelas de sopa de gordura de porco fumegante. E, mais adiante ainda, a Terra Prometida: os compartimentos de leitos macios, com música ao fundo, toaletes impecáveis, TVs em miniatura e todas as conveniências modernas.

Ao amanhecer do segundo dia, o trem estava subindo vertiginosamente. Com as rodas rangendo contra os trilhos a manhã inteira, a locomotiva nos rebocou para o ponto mais alto: o Passo Tangu-la, a 5 mil metros de altitude. Vasculhei minha bolsa em busca do livro de Harrer e o segurei firme em minhas mãos, mantendo-me em meu beliche. Estava tomado por uma expectativa quase elétrica. Podia sentir que Lhasa estava se aproximando.

Abaixo de mim, agora dentro de um pijama de seda azul real, Mr. Ma estava com uma hemorragia nasal que não parava. A mulher à minha frente resmungou que a altitude estava lhe dando dor de cabeça. Um minuto depois, ouviu-se um barulho contínuo e todos nós ficamos em alerta. Os engenheiros haviam pensado em tudo, até mesmo em bombear oxigênio para os compartimentos por meio de pequenos bocais instalados nas paredes.
Nick Danziger
Palácio Potala, de 13 andares, foi a residência de Dalai Lama até ele fugir para Dharamsala
Palácio Potala, de 13 andares, foi a residência de Dalai Lama até ele fugir para Dharamsala
Quando o trem avançou pelo Tibete, a paisagem mudou. Os salgueiros, as fazendas e os álamos foram substituídos aos poucos por estepes salpicadas de milhares de pontos pretos – iaques pastando. Havia também tendas pretas, de lã de iaque, habitadas por nômades cuja vida pouco mudara desde os tempos antigos. E quanto mais nos aproximávamos de Lhasa, mais assombrosos eram os feitos da engenharia e tecnologia chinesa: grandes barragens, usinas de energia, túneis, estradas e pontes sob grandes camadas de nuvens.

E de repente, chegamos a Lhasa. Entrar na estação foi como deslizar por um acampamento militar em alerta. A plataforma estava inundada de soldados com uniformes camuflados em marcha, armas mantidas junto aos queixos, olhos fixados ao longe. Vi quando um turista americano tentou tirar uma foto do nome da estação e foi impedido. É proibido fotografar ali dentro.

Ao se despedir, Mr. Ma mandou que eu tomasse cuidado com a carne de iaque, que, segundo ele, não era nem um pouco confiável. Apertamos as mãos e ele se foi.

Chegar a Lhasa foi, por si só, uma experiência profundamente comovente. Durante muito tempo, simplesmente fiquei na plataforma olhando a placa. Depois, apanhei meu exemplar de Sete Anos no Tibete e ergui-o, sem saber bem por quê. Era uma espécie de troféu, a centelha que 30 anos antes acendera minha obsessão por tudo o que era tibetano. Nunca imaginei que poria meus pés no solo tibetano, ou melhor, no concreto da plataforma da estação de Lhasa.

Hoje em dia, você não precisa ser tão intrépido quanto Herrer para visitar o Tibete. É difícil imaginar uma terra mais fácil para passear. Os poucos turistas ocidentais que encontrei em Lhasa estavam tão impressionados quanto eu, com um brilho em seus rostos, como se tivessem ganhado na loteria.

Visitando o passado

Não é surpresa que seja dentro da comunidade budista que a verdadeira alma tibetana permaneça em sua maior parte intacta. No convento Tsamkhung, em Lhasa, vi livros de oração impressos manualmente, com pedaços de madeira, como tem sido feito há séculos. E no imponente Palácio Potala, que se destaca na cidade como uma grande cidadela medieval, filas de peregrinos põem ghee (uma espécie de manteiga líquida) nas lamparinas cintilantes. Caminhando e murmurando preces, eles se isolam do mundo com uma contemplação quase hipnótica, suas túnicas misturando-se ao rebanho de turistas, muitos destes vestidos dos pés à cabeça com roupas de marcas famosas.

Entrar em Potala é voltar no tempo, penetrando em séculos de cultura tibetana, em uma sociedade firmemente atrelada à herança serena da fé budista. Não é fácil dizer exatamente por que as paredes do Potala afetam todos que entram ali. Quando você caminha pelo labirinto, sobe as escadas estreitas, atravessa os corredores compridos e passa por intermináveis pontos brilhantes, repletos de incenso e fumaça, sente-se parte de algo ao mesmo tempo arcaico e importante. É como se você estivesse se banhando em mil anos de pura energia, deixada por suplicantes de nomes que se perderam, mas de devoção que sobrevive.

E assim continua a vida enraizada no budismo. Os tibetanos rezam no complexo de templos Jokhang, em Lhasa, com tetos de bronze dourados, curvando-se em intervalos de poucos passos, até chegarem lá dentro. Comem momo (bolinhos) de carne de iaque nas ruas atrás da cidade antiga, saem para comprar a manteiga de iaque rançosa, legumes e roupas de segunda mão. E fazem o circuito de peregrinação em sentido horário, em torno do Bazar Barkhor, girando rodas de oração enquanto passam, para conceder um bom carma a todos nós.

Passei grande parte de meu tempo em Lhasa parado nas esquinas das ruas, mirando a afinada melodia da vida. Em uma esquina próxima ao complexo Jokhang, um vendedor ambulante se aproximou e tentou fazer com que eu me interessasse por um par de longuíssimas trombetas de metal, enfeitadas com delicados apliques de prata. Era um homem baixo, com mãos grandes e um sorriso que não dá para esquecer. Perguntei a ele como eu levaria os instrumentos para casa. Deviam ter 6 metros de comprimento. Sem perder um segundo, ele fechou os instrumentos dentro deles próprios, como um telescópio, deixando-os do tamanho de uma caixa de sapatos. “Agora viraram bagagem de mão”, disse ele, com um sorriso.
Nick Danziger
Freiras do convento Tsamkhung
Freiras do convento Tsamkhung
O impressionante em Lhasa é que a vida continua como tem de ser, apesar do olhar inflexível do sistema chinês. Há soldados em cada esquina e em cada cruzamento, muitos deles com uniforme de combate, porretes e escudos brilhando ao sol da tarde, além de bombas de gás lacrimogêneo prontas para serem lançadas.

Há vigias também nos telhados e até mesmo no minarete da principal mesquita de Lhasa. Nada passa despercebido, nem pelos soldados nem pelos espiões que se misturam ao povo. O estado de alerta elevado é resultado de revoltas civis ocorridas há pouco mais de dois anos.

O bloqueio militar é a primeira coisa que você nota, mas se deter nisso seria, talvez, deixar de ver a realidade mais ampla. E esta é a gradual diluição da cultura tibetana e do antigo ciclo da vida. O Tibete medieval de Heinrich Harrer desapareceu em grande parte, pelo menos em Lhasa. Exceto pela cidade antiga, a capital é, essencialmente, uma cidade chinesa moderna como qualquer outra. A maioria das lojas é lotada de produtos chineses e mantida por chineses, embora haja alguns tibetanos vendendo também. Em uma esquina da cidade antiga, notei um fazendeiro idoso com um iaque.

O animal parecia bem velho, como se estivesse doente. Um dos comerciantes me viu imaginando se o animal estava à venda. Ele disse: “Tenha pena desse velho. Compre seu iaque, leve-o para seu país e cuide dele para que recupere a saúde. Vocês têm bons remédios lá.” Eu lhe disse que morava muito longe de Lhasa e que não seria fácil ou financeiramente viável transportar o iaque. Por alguns instantes, o comerciante pareceu preocupado e em seguida disse: “Se você comprar o iaque, prometo que cuido dele para você.”

Visitantes, às vezes, são vistos como um híbrido, uma espécie de ilusão que se passa por realidade. E para mim, apesar do encanto impressionante da cidade antiga, Lhasa está se tornando isso. Mas passe algum tempo perambulando pelo interior e você verá imagens de uma sociedade que de muitas maneiras mudou muito pouco desde os tempos de Genghis Khan.

Você tem a sensação de que o Tibete rural continua intocado pela política. É uma vida em que a crença budista, e os iaques, estão no centro, uma vida em perfeita harmonia com a natureza. Fazendeiros e suas famílias nos campos peneirando trigo. Nômades em suas tendas de lã de iaque enfumaçadas amassando manteiga de iaque em pilões gigantes. Um grupo de peregrinos fazendo uma pausa diante de um monte de bandeiras de oração tremulando ao vento. O barulho forte de gongos e trombetas compridas rompendo o silêncio ao amanhecer.

Longe das multidões

Certa tarde, meu motorista, meu guia e eu fomos recebidos em um acampamento nômade poucas horas a sudoeste de Lhasa. Três ou quatro tendas de lã de iaque toscas, repletas de fumaça de estrume de iaque queimando. As tendas podem resistir até mesmo à mais forte ventania, porque o vento passa pela trama da lã, em vez de envolvê-la. Dentro de uma delas, vivia uma velha senhora chamada Pemayangchen. Com o rosto marcado pelo tempo, ela batia leite de iaque para fazer manteiga e queijo para vender em Nangartse. Acima da mulher, pendurados em uma viga e embrulhados em plástico, estavam os bens de sua família: textos budistas, uma faca afiada, um broche de prata e meio frasco de perfume artesanal.

Naquela noite, acampamos perto dos nômades, em um vale cercado por escarpas, as encostas verdejantes repletas de iaques. Em cada lado havia geleiras. Pendiam entre os penhascos, translúcidas, pré-históricas e compactas, da cor de águas-marinhas.

Durante toda a noite, um vento gelado desceu das montanhas, acompanhado de granizo e chuva. Minha barraca cara desabou completamente, me deixando no meio de uma confusão de paus, lona plástica e cobertas encharcadas. O motorista e o guia, que estavam dormindo na van, encolhidos como gatos, caíram na gargalhada quando me viram, assim que começou a amanhecer.

O motorista falou alguma coisa e começou a rir. “O que ele disse?”, perguntei ao guia. Ele passou uma das mãos no rosto e respondeu: “Só um tolo compraria uma barraca que não fosse de lã de iaque.”

Embora o Palácio Potala, o Jokhang e outros grandes mosteiros tenham uma atmosfera intensa, os santuários menores permitem um contato direto e espontâneo com clérigos budistas, algo que considero o ponto alto de minha viagem ao Tibete.

Em um pequeno mosteiro distante, na estrada para Nangartse, encontrei um monge eremita de 80 anos agachado em um nicho pouco maior do que ele próprio, cavado na pedra. Estava ali há três décadas. Num sussurro, ele disse que se lembrava de ter visto o Dalai Lama quando ambos eram crianças. Antes de partir, ergui a máquina fotográfica. O monge ficou empolgado. Implorou-me para que eu levasse a foto à liberdade, para Dharamsala, onde vive exilado o Dalai Lama.

Dois ou três quilômetros adiante, no alto de uma encosta, com vista geral para o platô abaixo, cheguei a um convento ao lado de uma estupa (um santuário budista) alta, cercada por rodas de oração de bronze. De início, meu guia hesitou em subir a encosta íngreme a pé. Por causa da altitude, era como se arrastar com pesos nas costas. Presumi que sua relutância devia-se a uma rejeição a atividades físicas difíceis. Mas quando chegamos ao convento que não consta em nenhum roteiro turístico, percebi que o motivo de sua apreensão era o medo de autoridades. Mesmo ali, encontraríamos espiões, disse ele. E encontramos. Uma das freiras, uma senhora idosa com a cabeça raspada, inclinou a testa na direção de um jovem sentado no pátio central. Quando nos afastamos dali, ela exclamou que já não se importava com a presença dele. “Fechamos os olhos e somos livres”, disse, suavemente.

Quando anoiteceu, uma das freiras cozinhou uma sopa de vegetais e a serviu com momo e chá verde. À distância, ouvia-se o som de uma menina cantando, misturado ao tilintar do sino de um iaque. Dormi um sono profundo, aninhado em uma velha cama de cordas, com uma colcha de retalhos sobre mim. Ao amanhecer, levantei a tempo de ver as freiras assumirem suas posições para o primeiro coro. Quando os primeiros raios de sol aqueceram a escuridão, senti um frio na espinha de emoção.

Quando estávamos prestes a partir, vi um pão caseiro redondo, recém-assado, sobre o muro do convento. Surpreso por achar que havia sido abandonado, perguntei ao meu guia de quem era o pão. “As freiras acreditam que a caridade deve ser anônima”, disse ele, “e que você deve ajudar alguém necessitado, mas não receber um agradecimento. Por isso, o pão está no muro.”

Assim que descemos até o platô, os moradores do vilarejo saíram de suas casas com potes, panelas, apitos e tambores. O céu escurecia, como se a noite estivesse chegando: era um eclipse solar. Quando a Lua cobriu o Sol, os moradores bateram seus potes e panelas juntos, e gritaram com toda a força. Até então, eu estava preocupado de que um dia o Tibete fosse engolido pela China. Mas naquele instante, quando o dia virou noite momentaneamente e os moradores afugentaram o demônio, percebi que o Tibete, o verdadeiro Tibete, tem uma essência que durará por toda a eternidade.
Nick Danziger
Iaques e ovelhas pastam à beira do Lago Yamdrok, a meio caminho entre Lhasa e Gyantse
Iaques e ovelhas pastam à beira do Lago Yamdrok, a meio caminho entre Lhasa e Gyantse
De Pequim a Lhasa – o coração e a alma do Tibete – e conhecendo ainda o interior, eis como aproveitar sua viagem

DICAS BÁSICAS

Como chegar

A United Ailines voa de São Paulo para Pequim, com conexão em Chicago, por cerca de US$ 1.900. Air France e Alitalia são outras opções. Não há voo direto para Lhasa. Clique aqui para detalhes sobre o Expresso Lhasa.

Circulando

Nem sempre estrangeiros têm permissão para comprar passagens para transportes locais. Verifique as advertências mais recentes em Lhasa. É fácil alugar um veículo 4×4 com motorista na cidade. Saiba mais sobre licenças e visto.

TRÊS MANEIRAS DE CONHECER LHASA

Com economia

VER

O circuito de peregrinação mais interessante de Lhasa fica em torno do quadrilátero de ruas chamado de Barkhor. Aqui, você verá monges meditando, barracas que vendem adagas com joias incrustadas, e muitas capelas e templos.

DORMIR

Uma escolha simpática é o Hotel Kyichu, de localização central. Os quartos são simples, mas agradáveis, há um restaurante decente, uma biblioteca e um jardim (US$ 57).

COMER

O encantador Pentoc tem uma casa de chá com seu nome, ao norte de Barkhor. A comida servida é autenticamente tibetana, de momo a pratos com carne de iaque (a partir de US$ 1; junto a Beijing Donglu).

COMPRAR

O Mercado Tromsikhang, na cidade antiga, tem uma excelente seleção de frutas e nozes e é o lugar para comprar especialidades tibetanas (perto de Beijing Donglu).

Com conforto

VER

Cheirando a manteiga de iaque e ecoando o murmúrio de mantras, o complexo de templos Jokhang é o local religioso mais reverenciado no Tibete, datado do século 1º (ingresso US$ 11; Dazhao Si).

DORMIR

Com decoração em estilo tibetano, um bom restaurante e uma localização fantástica na cidade antiga, o Dhodgu Hotel é uma excelente opção com preço médio. O bar no terraço tem vista para o Potala (US$ 70).

COMER

O Tashi I tem comida excelente. O elogio especial vai para o pão bobi, com queijo cremoso, vegetais fritos ou carne (a partir de US$ 1,50; cnr Zangyiyuan Lu & Beijing Donglu).

COMPRAR

Em frente ao Shangbala Hotel, a Mani Thangka Arts vende thangkas (pinturas em seda com bordados) feitos com tintas minerais pelo artista local Phurbu Tsering (Zangyiyuan Lu, Barkhor).

Com luxo

VER

O Palácio Potala é uma das maravilhas da arquitetura mundial. Ex-residência do Dalai Lama, o enorme palácio é hoje um museu, com salas de recepção, salões de meditação e murais (US$ 15; Budala Gong).

DORMIR

Escondido na cidade antiga, o primeiro hotel-butique do Tibete, House of Shambala, tem dez quartos decorados em madeira e pedra, com móveis tibetanos antigos e terraço (US$ 95).

COMER

O Nam-tso é um dos melhores hoteis-restaurantes da cidade. A comida é principalmente ocidental, e o terraço é um dos poucos lugares onde você poderá comer ao ar livre (a partir de US$ 4; Banak Shol hotel).

COMPRAR

A Dropenling é uma empresa sem fins lucrativos que incentiva o artesanato tibetano, utilizando técnicas tradicionais (descansos de copo de pedra, a partir de US$ 15).
Nick Danziger
O Expresso Lhasa viaja pela ferrovia Qinghai-Tibete, inaugurada por inteiro em 2006
O Expresso Lhasa viaja pela ferrovia Qinghai-Tibete, inaugurada por inteiro em 2006
Robert Kelly, autor do guia Lonely Planet sobre o Tibete, explica alguns detalhes para uma viagem bem-sucedida

É certo visitar o Tibete?

Nem mesmo o Dalai Lama pede para boicotar viagens ao Tibet. O turismo é uma parte importante da economia local e uma fonte de emprego. Visitantes são desejados e bem recebidos. São os tibetanos comuns que sofrem mais quando a região está isolada.

Posso fazer uma viagem independente?

Já não se pode viajar de maneira independente no Tibete. Você precisa comprar (com antecedência) um pacote de viagem completo em uma agência na China. A agência cuida de obter a licença e fornece guia tibetano, motorista e um Land Cruiser. Você não pode usar transporte público e seu guia precisa acompanhá-lo nos lugares principais, embora não precise ficar com você o tempo todo. As agências incluem: Tibetan Connections, Snow Lion Tours, Sims Cozy Garden Hostel e Café Spinn.

O quanto é preciso planejar?

Geralmente, o planejamento começa dois meses antes da viagem. Além de um visto para entrar na China, você precisa de uma autorização para viajar, do Escritório de Turismo Tibetano. Para viajar fora de Lhasa, precisa de uma Autorização de Viagem para Estrangeiro e possivelmente de outras. As agências conseguem as licenças, mas você precisa decidir seu roteiro com antecedência.

Como consigo passagens para o Expresso Lhasa?

Sua agência cuidará disso como parte do pacote. As passagens não podem ser compradas com mais de dez dias de antecedência e é difícil consegui-las no verão.

O que devo esperar quando estiver no trem?

Os trens são mais práticos que luxuosos, e ficam mais sujos à medida que a viagem avança. Os toaletes podem ser particularmente desagradáveis. Vagões com leitos têm cabines com seis ou quatro camas acolchoadas – os de quatro são mais confortáveis. Há comida chinesa decente e barata nas salas de jantar, e em cada vagão, há água quente (para cozinhar noodles, etc.). Vendedores oferecem bebidas e aperitivos no trem.

Como devo me comportar no Tibete?

O respeito aos lugares religiosos e à tradição é fundamental. Vista-se modestamente e não tire fotografias em um templo ou mosteiro sem pedir permissão. Muitos tibetanos discutirão assuntos delicados com você em particular. Em público, porém, evite conversas sobre política e não leve ou distribua imagens do Dalai Lama. Nunca fotografe instalações militares.

Como posso assegurar que meu dinheiro vá para pessoas locais?

Use uma agência de viagens que empregue tibetanos e/ou contribua para causas tibetanas. Assegure-se de que seu guia e seu motorista sejam tibetanos e informe a eles que você quer frequentar lugares de pessoas locais – mas tenha em mente que restrições de viagem nem sempre permitirão isso. Para comprar presentes, vá a cooperativas ou compre diretamente de artesãos locais. Ao visitar os mosteiros, deixe donativos no altar, já que as taxas cobradas para entrar vão diretamente para o governo. Em alguns lugares, você poderá escolher entre uma hospedaria local e um hotel chinês, mas geralmente essa escolha é feita para você com base em regulamentos e disponibilidades. Ainda assim, avise seu guia sobre sua solicitação.