Biografias Heinrich Schliemann
Nome: Heinrich Schliemann
Local e ano do nascimento: Neubukow, Alemanha, 1822
Local e ano do falecimento: Atenas, Grécia, 1890
Johann Ludwig Heinrich Julius Schliemann nasceu em 6 de janeiro de 1822, em Neubukow, Alemanha, filho de Luise Therese Sophie e de Ernst Schliemann. Seu pai era pastor luterano e por conta de seu ofício, os Schliemann se mudaram, em 1823, para Ankershagen. Nessa cidade alemã, que se tornaria a cidade preferida de Heinrich Schliemann, ele viveu nove anos e voltou para visitá-la em três vezes: 1852, 1879 e 1893. No natal de 1829, Schliemann ganhou de seu pai um presente, que segundo ele, mudou sua vida: a “História do Mundo”, de George Ludwig Jerrer, um livro infantil repleto de ilustrações que contava fatos da história mundial, entre eles, a história da Guerra de Tróia. Magnetizado pela história da Guerra de Tróia, Schliemann interrogou seu pai sobre a veracidade da guerra e sobre os vestígios dela. Seu pai disse que a história era verdadeira, mas que não existia resquícios dela. Intrigado com a possibilidade de uma cidade tão grande ter desaparecido sem deixar vestígios, Schliemann disse ao seu pai que um dia a encontraria. Hoje, os biógrafos de Schliemann acreditam que ele exagerou ao narrar o acontecido, supervalorizando o ocorrido em sua infância e dando a ela um caráter de predestinação.
A vida em Ankershagen foi interrompida em 1831, quando sua mãe faleceu. Sem ter como cuidar dos filhos e acusado de desviar os fundos da igreja onde pregava, seu pai resolveu mandar Schliemann, seus quatro irmãos e sua irmã morarem com o tio Frederich, em Kalkhorst. Entre 1833 e 1836, Schliemann estudou os últimos anos do que seria o nosso Ensino Fundamental em Neustrelitz e no último ano conseguiu seu primeiro emprego em uma mercearia em Fürstenberg, uma outra cidade alemã. Nesse emprego, Schliemann passou quatro anos e conheceu um jovem moleiro, Hermann Niederhoffer, que recitava, em grego, alguns versos da Ilíada, de Homero. Mesmo sem entender uma única palavra, Schilieman adorava ouvi-lo recitar sua história preferida.
Aos 19 anos, Schliemann pensava em se mudar para Venezuela. Tomou um navio e partiu para a América do Sul. No entanto, o navio encalhou na costa da Holanda e ele se viu obrigado a arrumar um emprego como office-boy em uma empresa de Amsterdã. O trabalho lhe deixava um tempo livre e assim, ele começou a desenvolver o estudo de idiomas. Com uma incrível capacidade para aprendê-los, Schliemann foi aos poucos aprendendo o inglês, francês, holandês, espanhol, português, italiano, árabe, latim e o grego antigo e moderno. Por causa de sua capacidade com vários idiomas, Schliemann arranjou um novo emprego em março de 1844, na B.H. Schoreder e Cia., uma empresa de comércio de importação e exportação. Suas habilidades acabaram levando-o, em 1846, para São Petersburgo, Rússia, como representante da firma. Enquanto comercializava para a B.H Schoreder e Cia., Schliemann iniciou seu próprio negócio, comercializando índigo e depois outros produtos, tais como, vinho, salitre, açúcar, chá e café, permitindo-lhe iniciar a construção de uma fortuna considerável.
Em 25 de maio de 1850, Schliemann soube que um de seus irmãos, Ludwig, havia falecido em Sacramento, Estados Unidos, deixando uma agência bancária como herança para ele. Schliemann mudou-se para Sacramento em dezembro de 1850, disposto a fazer prosperar o negócio de seu irmão falecido. Ao chegar aos Estados Unidos, se envolveu com o comércio de ouro em pó e se tornou mais rico ainda. Em 1852, Schliemann fechou o negócio de seu irmão e voltou à Rússia. Ao voltar para São Petersburgo, Schliemann se casou com Katerina Petrovna Lyshin, uma sobrinha de um amigo seu. No entanto, o casamento foi um fracasso. Ela se mantinha distante e demonstrava pouco amor por Schliemann. Mesmo assim tiveram três filhos, Segrue (1855), Natalia (1858) e Nadezhda (1861). Foi durante seu casamento com Katerina, que Schliemann se dedicou ainda mais ao estudo do grego antigo e ao trabalho, enriquecendo-se ainda mais, principalmente com a venda de armamentos durante a Guerra da Criméia (1853-56). Sem ter o apoio de sua esposa, Schliemann viajou por várias partes do mundo: Índia, Cingapura, China, Japão, Nicarágua, Cuba, México, Itália, Grécia, Síria, Egito e outros países. Em 1863, optou pela separação e foi morar em Paris.
Milionário, Schliemann resolveu se dedicar à Arqueologia e até estudou em Sorbonne, Paris, entre 1866 e 1867. Em 1868, esteve novamente nos Estados Unidos onde conseguiu a cidadania estadunidense e por meios obscuros, o divórcio de sua esposa russa. Como um homem desimpedido, Schliemann mudou-se para a Grécia para iniciar sua nova carreira: arqueólogo. No mesmo ano, fez suas primeiras escavações na ilha de Ítaca, tentando achar o palácio de Ulisses. Encontrou uma estátua de barro, osso de animais e 20 vasos com cinzas humanas, que ele declarou, sem comprovação alguma, que eram de Ulisses e Penélope ou de seus descendentes.
Em 23 de setembro de 1869, Schliemann casou-se novamente, com uma grega de 19 anos, Sophia Engastromenos. Sua nova esposa havia sido escolhida pelo seu amigo e professor de grego antigo, o arcebispo Theocletos Vompos, que havia recebido um pedido de Schliemann para que encontrasse uma grega pobre, bonita, de cabelos escuros, bem-educada e que gostasse de Homero. Enquanto Ernst Ziller construía a nova casa de Schliemann em Atenas, que hoje é sede de um Museu Numismático e um dos melhores exemplos da arquitetura neoclássica, Schliemann se dirigiu à Turquia para tentar escavar na colina de Hissarlik, onde ele acreditava estarem os restos de Tróia.
As duas últimas décadas de vida de Schliemann foram dedicadas às pesquisas arqueológicas. A partir de 1871, Schliemann e uma centena de trabalhadores turcos escavaram a colina onde ele acreditava que a lendária Tróia ficava. Em maio de 1873, as escavações revelaram as fundações de um palácio, que Schliemann acreditou ser o palácio de Príamo. Além disso, as pesquisas revelaram jóias de ouro, baixelas, armas e uma infinidade de objetos. Mas foi no final daquele mês, que Schliemann e sua esposa, após dispensarem os trabalhadores turcos, escavaram sozinhos um rico tesouro, que ele chamou de Tesouro de Príamo. Os vários objetos encontrados: caldeirões de cobre, vasos de prata, garrafas de ouro, cálices de ouro, punhais de cobre, lâminas de faca de prata, diademas de ouro, brincos e outros objetos foram contrabandeados para Grécia, provocando um processo do governo turco contra Schliemann, que havia prometido metade das descobertas ao governo turco. Após alguns desentendimentos, Schliemann pagou uma indenização aos turcos e pôde continuar escavando livremente em Hissarlik.
Em 1874, Schliemann resolveu escavar em outro local citado por Homero, Micenas. Até 1876, ele encontrou um palácio, desenterrou túmulos, encontrou esqueletos, que novamente e equivocadamente afirmou serem de Agamênon e Clitemnestra, e várias jóias.
Famoso com suas descobertas que eram divulgadas em jornais de todo mundo, Schliemann resolveu retornar ao local de suas primeiras pesquisas, Ítaca. Em julho de 1878, ele reiniciou as escavações em um local onde pensava encontrar o palácio de Ulysses, mas ficou frustrado com sua descoberta. Ele achou pouco o fato de ter encontrado ruínas de 190 casas e resolveu voltar à Turquia para uma nova temporada de escavações em Hissarlik. Em outubro de 1878, Schliemann descobriu um pequeno tesouro com 20 brincos de ouro, duas pulseiras de electro, 11 brincos de prata e 158 anéis de prata.
Entre 1881 e 1882, Schliemann escavou em Orcômeno, Grécia, onde revelou o palácio que ele achava ser do rei Mínias. Nesse mesmo ano, retornou à Tróia, mas acompanhado pelo arqueólogo Wilhelm Dörpefeld, que iria revisar algumas interpretações errôneas de Schliemann e que após a morte dele continuaria escavando o local. Entre 1884 e 1885, Schliemann escavou o palácio de Tirinto.
Em novembro de 1890, Schliemann viajou para Halle para uma operação em seu ouvido. Sem respeitar seus médicos, viajou após a operação para Leipzig, Berlim e Paris. Seus ouvidos inflamaram. Tentando voltar para Atenas antes do natal, parou em Nápoles para visitar as ruínas de Pompéia. Muito doente, acabou falecendo em um quarto de hotel no dia 26 de novembro de 1890.