Alexandria

A cidade de Alexandria, fundada em 332 a.C. por Alexandre, o Grande, destaca-se como uma das mais importantes e emblemáticas da Antiguidade. Criada durante a expansão militar de Alexandre sobre os territórios persas, Alexandria rapidamente se tornou um dos maiores centros culturais e comerciais do mundo antigo. A cidade, construída sobre a vila de pescadores egípcios chamada Rakotis, ocupou uma posição estratégica às margens do delta do Nilo, com vistas para o Mar Mediterrâneo, garantindo a defesa do Egito contra invasões e promovendo o fluxo de comércio com outras regiões.

O Papel de Alexandria no Império de Alexandre, o Grande

Alexandre, o Grande, ao tomar o Egito dos persas, apresentou-se como sucessor dos faraós, ganhando o apoio da população local. Ele ordenou a construção de Alexandria com o objetivo de proteger o delta do Nilo e, ao mesmo tempo, estabelecer uma base militar e comercial que ajudasse a consolidar seu domínio sobre a região. Embora Alexandre tenha deixado o Egito pouco tempo depois para continuar suas conquistas, ele confiou o desenvolvimento de Alexandria ao administrador Cleômenes de Náucratis, que supervisionou a cidade conforme o projeto de Hipódamo de Mileto, um arquiteto famoso por suas inovações urbanísticas.

Após a morte de Alexandre, a cidade de Alexandria passou a fazer parte do Império Ptolemaico, liderado por Ptolomeu I, um dos generais do conquistador macedônio. Alexandria prosperou sob o domínio dos ptolomeus, tornando-se a capital do Egito e o centro cultural do mundo helenístico.

Farol de Alexandria: Uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo

Uma das construções mais icônicas de Alexandria foi o Farol de Alexandria, construído entre 300 a.C. e 280 a.C., durante o reinado de Ptolomeu II. Projetado pelo arquiteto Sóstrato de Cnido, o farol possuía cerca de 134 metros de altura, o que o tornava uma das construções mais altas da época. Localizado na ilha de Faros, próxima ao porto de Alexandria, o farol orientava navegadores e simbolizava o desenvolvimento e a riqueza da cidade. Foi considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e permaneceu funcional até ser destruído por uma série de terremotos entre os séculos VIII e XIV.

A Biblioteca de Alexandria: Um Centro de Conhecimento Inigualável

Outra realização notável de Alexandria foi a famosa Biblioteca de Alexandria, considerada o maior repositório de conhecimento da Antiguidade. Fundada durante o reinado de Ptolomeu I e concluída sob Ptolomeu II, a biblioteca foi um ambicioso projeto cultural e intelectual que visava reunir obras literárias e científicas de várias partes do mundo conhecido. Acredita-se que a biblioteca abrigava cerca de 500 mil rolos de papiro, contendo textos de filósofos, cientistas, historiadores e escritores de diversas origens, sendo fundamental para o desenvolvimento do conhecimento nas áreas de medicina, filosofia, matemática, entre outras.

Infelizmente, a biblioteca foi destruída em um incêndio. Existem três principais teorias sobre sua destruição: um incêndio acidental durante uma invasão de Júlio César, a destruição pelos cristãos devido à crescente intolerância religiosa ou a destruição por forças muçulmanas durante a conquista da cidade. Independentemente de como ocorreu, a perda da Biblioteca de Alexandria representa um dos maiores retrocessos culturais da Antiguidade.

Alexandria sob Domínio Romano e os Conflitos Religiosos

Com a queda do Império Ptolemaico, Alexandria passou ao domínio romano em 30 a.C., após a derrota de Cleópatra VII e Marco Antônio para Otaviano, que mais tarde se tornaria o imperador Augusto. Sob os romanos, Alexandria continuou a ser um centro cultural e comercial de grande importância. No entanto, o avanço do cristianismo trouxe conflitos internos, à medida que a nova religião crescia e confrontava as tradições religiosas pagãs e judaicas da cidade.

A violência entre grupos religiosos resultou em eventos trágicos, como a morte de Hipátia de Alexandria, uma filósofa e matemática que foi brutalmente assassinada por uma multidão de cristãos fanáticos. Além disso, a cidade foi palco da destruição de templos e da perseguição de pagãos, com o imperador Teodósio I declarando o cristianismo como religião oficial do Império Romano e proibindo as práticas pagãs.

Escola de Alexandria e a Produção de Conhecimento

Alexandria foi também um centro de estudos renomado, sendo sede da Escola de Alexandria, onde se destacaram estudiosos em filosofia, ciência, medicina e teologia. A cidade tornou-se referência no ensino e produção de conhecimento, atraindo intelectuais de várias partes do mundo. No campo religioso, a Escola Catequética de Alexandria foi um centro importante para a formação de teólogos cristãos, destacando-se como um dos primeiros centros de ensino cristão na história.

O Declínio de Alexandria e a Conquista Árabe

Após séculos de esplendor, Alexandria entrou em declínio devido às guerras e conflitos internos, somados à intolerância religiosa que afastou intelectuais e abalou sua estrutura cultural. Em 641, a cidade foi conquistada pelos árabes muçulmanos, que transformaram Alexandria em um importante centro islâmico e adaptaram parte de suas estruturas religiosas para o culto muçulmano, convertendo igrejas em mesquitas e estabelecendo a cidade dentro do império islâmico.

Alexandria nos Dias Atuais

Hoje, Alexandria é a segunda maior cidade do Egito e o principal porto do país. Com mais de cinco milhões de habitantes, Alexandria é uma cidade moderna e vibrante que ainda preserva alguns traços de seu passado histórico, sendo um destino turístico popular. Ruínas do Farol e da Biblioteca de Alexandria, além de museus e sítios arqueológicos, continuam atraindo milhares de visitantes todos os anos.

Personalidades Famosas de Alexandria

Ao longo dos séculos, Alexandria foi lar de personalidades notáveis que contribuíram para o desenvolvimento intelectual e cultural da cidade. Entre as figuras históricas importantes, estão:

  • Cleópatra VII, a última rainha do Egito Ptolemaico;
  • Hipátia, filósofa e matemática que é símbolo de resistência intelectual;
  • Téon de Alexandria, pai de Hipátia e destacado matemático e astrônomo;
  • Abdel Wahid bin Yazid el-Iskandarani, vizir do Emirado de Córdoba;
  • Ahmed Sheba, cantor egípcio contemporâneo;
  • Verjine Svazlian, historiadora de origem armênia que também nasceu em Alexandria.

Legado de Alexandria

Alexandria é uma cidade que permanece no imaginário popular como símbolo do conhecimento e da diversidade cultural do mundo antigo. Sua história revela a complexidade das relações culturais e religiosas da Antiguidade e a importância do saber na construção de uma civilização. Embora os séculos tenham transformado profundamente a cidade, Alexandria ainda é lembrada como um dos maiores centros de aprendizado da história. Para explorar mais sobre o impacto de Alexandria na Antiguidade, visite o site e saiba mais.